Patricia Lamounier – Lápis de museus, de pontos turísticos, de hotéis, de cidades e de países…  Esta é a minha coleção de viagem! Vou à lua quando os poucos amigos que sabem deste meu hobby me presenteiam com um lápis de algum lugar longínquo do mundo!

Por que eu coleciono lápis??? Não tenho ideia. Só sei que amo meus lápis! Duas coisas me frustram bastante: a primeira é chegar nas lojinhas dos museus e de souvenires, perguntar por lápis e ter como resposta básica aquela negativa: “Sinto muito, não temos!” A outra, é querer levar todos os lápis (e de todas as cores) e saber que, por uma questão financeira, minha compra terá de ser limitada!!!

Psicólogos e psicanalistas dizem que ao adquirirmos um conjunto de objetos, esta aquisição está normalmente condicionada a uma carga emocional de coisas que vivemos.

O colecionismo, de qualquer forma, tem muitas explicações. Talvez seja o desejo de possuir este ou aquele objeto, talvez resgatar valores perdidos… Quem sabe não pode ser uma compulsão ou um ato perfeito em seu prazer, originário de um hobby, de uma cultura, dos afetos ou de família?

Uma coisa é certa: o hábito de colecionar é ancestral. Se verificarmos a história do mundo, o colecionismo foi sinal de riqueza e de muito poder. Muitas coleções deram origem a grandes museus!

COLECIONADOR OU COLECIONISTA ?

O termo “colecionador” é usado para aqueles que montam coleções pelo valor histórico. Já o “colecionista” é aquele que reúne os objetos por prazer, por desejo e por gostar!!! Entretanto, ambos, colecionista ou colecionador, entendem que cada objeto, cada peça da coleção conta uma história e tem um significado próprio!

O colecionismo muitas vezes não é compreendido pelas pessoas fora do meio. Alguns dizem que é perda de tempo, que é gasto de dinheiro e não veem graça nas peças ou coleções.

Sei que teses e artigos sobre o tema estão em constante “spots” mas e daí? O estudo sobre o comportamento e o desenvolvimento humano está sempre em voga!

E você? Tem alguma coleção de viagem?

Você gosta de colecionar? Se sim, o que coleciona?? São itens que traz de viagens???  Pois é, colecionar é uma prática, uma atividade muito íntima e particular. O ato de colecionar sempre revela um pouco da pessoa que o realiza! Especialmente porque colecionar algo é uma decisão muito pessoal e livre de qualquer condicionalismo e modismo externo.

Mesmo quando queremos permanecer no anonimato e não contar a (quase) ninguém o que a gente coleciona, esta inquietação por colecionar: adquirir, guardar, organizar e selecionar geram um prazer, uma alegria imensa, que traz um certo charme colorido à vida! Tá de acordo?

 

OS ABRIDORES DE GARRAFAS DE MIRIAM

Miriam Calimam e sua coleção de abridores de garrafas

Miriam Calimam e sua coleção de viagem: abridores de garrafas

Miriam Caliman coleciona ímãs de abridores de garrafas. Ela ganhou seu primeiro ímã há 13 anos e achou muito legal. Depois disto, em cada lugar, em cada cidade que visitou, ela procurou por um magneto. No início, colocava estes ímãs na geladeira, mas com o aumento da coleção ela resolveu passá-los para um quadro imantado, com fundo em inox, que fica na cozinha!

Perguntei a Miriam o que mais a encanta em colecionar estes abridores. Ela simplesmente respondeu que eles são pequenos, de fácil transporte e armazenamento, são interessantes, diferentes e mostram os pontos turísticos das cidades.

É exatamente por esta diversidade que não existe uma peça mais interessante. Todas são únicas e todas têm uma história que remetem às boas lembranças! É uma coleção de memórias e de lugares que Miriam visitou. É recordação e por isto ela não gosta de divulgar muito a coleção para as amigas e amigos!

Hoje sua coleção conta com 75 itens.  Infelizmente, alguns quebraram e, os repetidos, ela definiu por não colocá-los no quadro.

COLEÇÃO DE VIAGEM: COLHERINHAS

Alcina Garcia de Araujo e sua coleção de colherinhas

Alcina Garcia de Araujo e sua coleção de colherinhas

Já Alcina Garcia de Araújo, 82 anos, coleciona colheres: colherinhas de café! A coleção começou porque ganhou de presente uma colherinha  da Holanda, 30 anos atrás! Ela achou tão lindinha, tão delicada que passou a colecionar… Sua coleção aumenta de duas formas: quando viaja ou quando os amigos e filhos trazem de suas viagens!!! Alcina tem colherzinhas do mundo inteiro!

Colherinha da Torre Eiffel, com os sapatos holandeses… Tem do Empire State Building, da bandeira do Brasil, do Chile, da Espanha… Tem colher com o Galo Português, com o Coliseum… Enfim, são inúmeros detalhes que dá pra ficar horas curtindo cada pecinha, que aliás já passam da casa dos 100. Antigamente, todas as colherinhas eram dispostas numa mesa de centro, bem à vista e à mostra para serem curtidas e apreciadas. Mas hoje, as orquídeas, outra grande paixão, ocupa a mesa em questão.

Alcina lamenta muito estar com as colherinhas guardadas em uma caixa. Ela até se entristece quando fala no assunto, pois já tentou organizá-las num armário próprio.  Infelizmente, marceneiro algum conseguiu finalizar o projeto e deixou Alcina a suspirar de paixão!

colherinhas de Alcina

As várias colherinhas da Alcina

VANESSA E OS MAGNETOS

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Vanessa Vasconcelos descobrindo as belezas do Peru

Vanessa Vasconcelos, museóloga e historiadora, também coleciona ímãs de geladeira. “Por onde passei, sempre adquiri um!”, conta.

Vanessa tem uma coleção de ímãs só de cidades da “Estrada Real”. Sua geladeira e o quadro imantado estão repletos. Acredito eu, que em breve ela terá de adquirir outro quadro, pois o que tem também está completo!

Vanessa conta que ganhou seu primeiro magneto em 2005. Foi um ex-namorado de uma amiga que trouxe este mimo da Espanha. Era um ímã de um toureiro com uma castanhola. Nesta época, Vanessa fazia dança flamenca!

A partir daí, ela se encantou. Começou a pedir a todos que trouxessem magnetos de suas viagens. Hoje são quase 400 magnetos de lugares do mundo inteiro!

Boas lembranças!

O que mais encanta Vanessa em colecionar tal item não é conhecer ou ter um ímã de um determinado lugar. É saber que pessoas queridas, ao comprar ou adquirir um magneto para sua coleção de viagem, estavam pensando nela.

Ela entende que muitas destas pessoas podem não estar mais tão próximas dela. “É o curso da vida”, comenta! Mas, Vanessa sabe que naquele momento em que a presentearam com um ímã, estas pessoas eram “chegadas” e se lembraram dela. Então, o carinho será enorme e o mais importante, eterno!

Ela nunca mais viu nem ouviu falar do ex-namorado da amiga que lhe ofertou a primeira peça de sua coleção. Mas toda vez que ela olha aquele magneto, ela se lembra dele. Sabe que ao ganhar aquele mimo, ela estava na lembrança e no bem-querer daquela pessoa!!!

Dá trabalho para limpar tantos magnetos (e de tantos lugares!). Ela tira o pó e limpa tudo com um paninho úmido. Enquanto faz isto, ela viaja no tempo. Recorda cada detalhe, relembra cada pessoa e cada lugar…  Ou cada situação em que comprou seus magnetos!

Coleção magnetos no quadro da Vanessa Vasconcelos

Coleção de magnetos no quadro da Vanessa Vasconcelos –  Abaixo: primeiro magneto (toureiro) e o último magneto adquirido

COLECIONAR É PAIXÃO

Maria Elvira e suas coleções

Maria Elvira e sua coleção de louça azul

Para mim, “colecionadora” é Maria Elvira Salles Ferreira. Maria Elvira foi duas vezes deputada federal e três deputada estadual. Ela já lançou até livro sobre o tema: “O Prazer de Colecionar”. O livro começou a ser esboçado em 2011 e foi publicado em 2012. Nele, ME garante que não pretende explicar o que é inexplicável: a alma do colecionador!

Impulso, vontade, desejo, prazer, resultado que nunca é final … Entretanto, ela garante que sempre valeu a pena colecionar, pois faz parte do seu viver! Mas ela não se sente colecionadora, e sim colecionista!!!

Suas coleções surgiram simplesmente da paixão pelas cores e formas! E não é uma e depois a outra! É tudo junto e misturado. E coleção é o que não falta para Maria Elvira!

Ela tem coleção de anjos, de Babuskas (boneca russa), bules, cadeiras em miniaturas, caixinhas, conchas, corujas, elefantes, garrafas, galinhas-d’angola, latas, madrepérolas, corujas, mulheres do vale do Jequitinhonha, ornamentos de arreios, pássaros, pratos da Boa Lembranças, sapos, sereias, xícaras antigas, peixes, pesos de papel. Enfim, pense em mais algumas e talvez ela tenha!!!!

OS ELEFANTES E GANESHA

Elefantes do mundo inteiro

Elefantes do mundo inteiro

Maria Elvira conta como começou sua coleção de elefantes: “Quando eu era pequenina e ia ao zoológico com meu pai, adorava ver os elefantes. Já adulta, andei de elefante pela primeira vez na Índia, e quando fiz a volta ao mundo, repeti a experiência outras vezes. Mas foi na Índia, que encantei-me com Ganesha, o Deus Elefante, que segundo a mitologia indiana amava olhar as mulheres tomando banho! Infelizmente, há pouco observei no Rajastão que os excessos do turismo estão maltratando os animais. Uma pena!!!”

No hinduísmo, Ganesha é considerado senhor dos obstáculos e Deus da boa fortuna. Ele é um semideus hindu, que teve sua cabeça cortada por seu pai Shiva. A cabeça foi substituída pela de um elefante para que Ganesha pudesse voltar a vida.  O elefante é símbolo de força, de poder, de lealdade e longevidade.

Maria Elvira não sabe o que fará com todas as peças que colecionou, mas reconhece que seu tempo de colecionista chegou ao fim. Ela não pretende começar nenhuma outra coleção. Na verdade, ela pensa em só colecionar viagens. Muitas viagens!

Quadro de elefantes - Coleção: Maria Elvira

Quadro de elefantes – Coleção: Maria Elvira Salles Ferreira

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