Marlyana Tavares – No primeiro dia que resolvi me aventurar a pé para começar a conhecer as praias de Arraial do Cabo (RJ) deparei-me com um arrastão. Peralá, calma! Era um arrastão de peixe e como foi bonito de ver! Das praias de Arraial do Cabo, a pequena Graçainha (foto acima), onde se deu o arrastão, foi uma das que mais me encantaram.

Hospedei-me na Prainha, a primeira praia que se avista logo ao chegar. São 8 as praias de Arraial de Cabo mais conhecidas e frequentadas. Na pequena cidade, com exceção da Praia do Farol, as praias podem ser acessadas a pé, de carro ou em passeio de barco. Leia sobre elas nesse post, além dos passeios, mergulhos, a história, onde ficar e comer em Arraial do Cabo. 

*Foto acima: Ana Elizabeth Diniz

Roteiro das praias de Arraial do Cabo

Mapa mostra Praias de Arraial do Cabo

Praias de Arraial do Cabo

As praias de Arraial do Cabo são mimo puro da natureza, pintura, desenho, festa para os olhos, imagens que ficam grudadas  na retina, pedindo pra gente voltar. Mar de água clarinha, variando do verde ao azul, transparência que permite ver os pés e a sombra dos barcos na areia. 

Há um desafio: a água é fria, às vezes gelada. Nada que impeça o mergulho sob sol forte, mas que intimida quando nubla e o vento sopra. O frio da água deve-se à “ressurgência”. Fenômeno do oceano que traz as correntes mais frias e cheias de nutrientes para as partes superiores da água. O aumento dos nutrientes explica a grande quantidade de peixes, crustáceos e tartarugas encontrados na região.

Estava com uma amiga para passar uma semana em Arraial do Cabo e resolvemos conhecer uma praia por dia. Leiam abaixo nosso roteiro, acho que vai dar uma boa ideia de como são as praias, o que encontrar, e como chegar até elas.

Graçainha

Homens e mulheres ajudando a puxar a rede em arrastão de peixe na Praia da Graçainha uma das praias de Arraial do Cabo

Arrastão na Praia da Graçainha: quem ajuda ganha o pescado do dia (Marlyana Tavares)

A trilha para chegar até ela fica à direita da Prainha e é bem fácil. Anda-se uns 20 minutos. É uma praia muito pequenina (a faixa de areia tem só 15m), que só aparece na maré baixa. Há bastante pedras em volta.

É gostoso tomar banho ali, parece uma bacia. Você entra e logo afunda: a água é uma delícia. Uma amiga que mora em Arraial do Cabo me contou ter visto tartaruga enquanto nadava.

Foi lá que presenciei o primeiro arrastão de minha temporada. Quando cheguei os pescadores estavam esperando a hora de puxar a rede colocada às 5h. O pescador Geraldo Soares de Melo, contou-me que os peixes melhores, como o bonito, são levados para Cabo Frio e Rio de Janeiro.

Naquele dia, além do bonito veio cabala, perua, raquete, tainha, xaréu,tainha, xerelete e infelizmente uma tartaruga, logo libertada. Nem todas têm a mesma sorte e chegam mortas. Quem ajuda a puxar a rede (tem gente bem idosa) ganha o pescado do almoço.

Peixes na rede de pescadores em praias de Arraial do Cabo

Pescadores conferem o produto da pesca do dia na Praia da Graçainha (Foto: Marlyana Tavares)

Praia do Forno

Praia com faixa de areia branca, água azul, barcos ao fundo, morro, chamada Praia do Forno e uma das praias de Arraial do Cabo

Vista da Praia do Forno (Foto; Ana Elizabeth Diniz)

Também uma das minhas preferidas. Gosto de praias pequenas e com vegetação em volta. A praia tem 500m de extensão e com bastante verde, como cactus. O acesso se dá por meio de uma trilha, com uma entrada bem estreita, ao lado à esquerda de quem se encaminha para o porto da Praia dos Anjos.

A Praia do Forno é assim chamada por ser fechada por dois morros laterais e um na frente o que, teoricamente, torna a água mais quente do que as demais. A visibilidade da água é boa para praticar snorkeling.

Praia do Forno, uma das praias de Arraial do Cabo, com faixa de areia, mar, pessoas e morros ao fundo

O Forno, visto de outro ângulo: prática de caiaque é uma das atividades (Foto: Marlyana Tavares)

Para chegar à pé, tive que sofrer um tiquinho, com subidas e descidas em degraus irregulares de pedra. Tenho um joelho meio fraco, mas para quem é ágil como minha amiga Ana Elizabeth Diniz, a trilha, que pode ser percorrida em cerca de 20min, é tranquila. Tome apenas cuidado porque a areia deixa a pedra escorregadia e, mais ainda, se o tempo estiver chuvoso. Senti falta de um corrimão.

Na subida, o visual compensa. Primeiro, do porto da Praia dos Anjos, com suas centenas de barcos, depois da chegada à Praia do Forno, com os vários tons de azuis e verdes da água. Há um mirante, com um banquinho para descansar, antes de enfrentar os últimos degraus de descida até a areia.

Barco com pessoas e uma pessoa subindo no barco. Chama-se barco-táxi e faz o transporte entre as praias de Arraial do Cabo

Barco-táxi é alternativa para transporte de quem não quer enfrentar trilha para o Forno (Foto: Ana Elizabeth Diniz)

Dá para chegar à praia de barco-táxi. Próximo à entrada da trilha, ficam oferecendo o serviço.  Recomendo para quem tem muita dificuldade de locomoção. Na volta, preferi pegar um.

No início da Praia do Forno, ficam alguns quiosques que servem porções de peixes e frutos-do-mar, etc. Atenção: estes quiosques só lhe permitem sentar na mesa mediante pagamento de consumação cara, entre R$ 50 e R$ 70 (isso me irritou bastante).

Decidimos sentar mais à frente e pagar apenas pelo aluguel de cadeira, coisa de R$ 10. Cobrar consumação é uma prática chata da maioria das barracas de praia em Arraial. Recomendo colocar água, barrinhas ou biscoitinhos na mochila para fugir de preços às vezes bem absurdos e ser feliz, você com sua canga. 

Há por ali também um restaurante flutuante, onde param os barcos de passeio.

Praia dos Anjos

Vegetação, Barcos na praia, casas e morros na praia dos Anjos, uma das praias de Arraial do Cabo

Praia dos Anjos, vista da trilha para a Praia do Forno (foto Marlyana Tavares)

A graça dessa praia está nas cerca de três centenas de barcos que ficam ancorados num dos cantos. São eles que saem diariamente com os turistas para fazer os passeios. Os passeios de barco com mergulho, são oferecidos como ponto alto da atividade turística em Arraial do Cabo.

Prainhas do Atalaia

Praia com pessoas, chamada Prainhas do Atalaia

Prainhas do Atalaia: de manhã cedo, em um sábado, ficam assim, bem tranquilas (Foto: Marlyana Tavares)

Prainhas do Atalaia com bastante gente e barcos

Prainhas do Atalaia, sábado, por volta das 13h: cheias de gente e de barcos (Foto: Marlyana Tavares)

É uma praia só, na verdade, mas assim chamadas porque elas são separadas pelas ondas, à medida que a maré sobe. As Prainhas do Atalaia são muito lindas, ótimas para banho, e com muita vegetação. Em frente fica a Ilha do Farol, onde está a praia mais cobiçada dos passeios de barco, a Praia do Farol.

Recomendo não ir em finais de semana, como fizemos (fomos em um sábado). Se não for possível, chegue bem cedinho, quando a praia está mais deserta, pois ela é ponto de parada dos barcos (cada parada é de 40 minutos) e também fica bem cheia em feriados e alta estação, claro.

As Prainhas do Atalaia são muito lindas, ótimas para banho, e com muita vegetação. Do lado direito, próximo à escadaria, ficam quiosques. Para fugir da muvuca que pode se formar à medida que avança o dia, fuja para a parte esquerda. Chegamos por volta das 10h, em um sábado. Às 12h, a praia estava completamente tomada por barracas e tendas. Pelo menos 10 embarcações estavam ancoradas naquele momento.

Escadaria com pessoas descendo, com vista para as prainhas do ATalaia, umas das praias de Arraial do Cabo

Descida para as Prainhas do Atalaia: 255 degraus, com pontos de mirante (Foto: Marlyana Tavares)

A escadaria, com 255 degraus e alguns mirantes, foi construída há 4 anos. Uma mão na roda no acesso, antes feito por trilha íngreme pelo morro até as praias. Quando está muito movimentada, quem está interessado em tirar apenas foto da paisagem tem que apelar para a paciência na busca de um bom ângulo, entre os selfies da moçada alegre.

Para chegar de carro é preciso entrar pela mesma guarita que dá acesso ao Pontal do Atalaia, pagando também uma taxa municipal. A estrada vai pelo alto do pontal, com uma parte pavimentada e outra de terra. O visual também é muito bonito.

Os carros ficam parados ao longo da estrada. Quem quiser achar vaga mais próximo da escadaria que dá acesso às prainhas deve chegar bem cedo. Em finais de semana, feriados e alta estação, a estrada fica bem cheia.

Dá para ir a pé pelo mesmo caminho do carro, mas demora-se 2 horas. Pode-se subir em trilha que começa na Prainha, perto do Instituto Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (1h) ou de barco, saindo da Praia dos Anjos, segundo informações dos vigias da prefeitura. Os turistas combinam com os barqueiros o horário que querem voltar.  

Praia do Farol

Mar e ao fundo a Ilha do Farol, com uma faixa de areia e morros

Vista da Ilha do Farol (Foto: Marlyana Tavares)

Vou ficar devendo minhas impressões in loco pois não fui até lá, apenas fotografei de longe e vou “me chicotear” sempre por causa disso. A Praia do Farol é apontada como o ponto alto do passeio de barco, com grande visibilidade de peixes em mergulho livre. É a única onde só é possível chegar de barco.

No Farol, praia com morros, vegetação rasteira em dunas baixas e água cristalina, só é permitida a permanência de até 50 minutos. A área é controlada pela Marinha e tem um farol que foi mandado construir por D. Pedro II em 1853.

Praia Brava

Moça toma sol na praia

Praia Brava: faixa de areia também só surge na maré baixa e acesso e bem difícil (Foto Bárbara Fonseca)

                                                           Brava é desafio para surfistas (Foto: Bárbara Fonseca)

Trata-se de uma pequena faixa de areia, que se forma apenas com a maré baixa. É bom consultar a tábua de marés, portanto. Diria que é para os intrépidos e mais aventureiros. Não há sombra, apenas pedras e o mar, bem agitado e, por isso, bastante procurado por surfistas.

Quem dá a dica de como chegar é a jornalista Bárbara Fonseca, do blog Posso Provar mineira e moradora de Arraial do Cabo. Suba o Pontal do Atalaia. Pode ser de carro próprio (no verão há limite de carros por dia), mototáxi ou jardineira. Mototáxis e jardineiras ficam parados na entrada do Pontal e cobram R$ 10/pessoa para subir.

Outra opção, segundo a jornalista, é pegar um passeio em agência (a Don Juan é uma das que vão até lá de jeep, mas os turistas fazem uma caminhadinha até um ponto inicial apenas para fotos).

Acostumada a bater perna por Arraial do Cabo inteiro, a Bárbara subiu a pé: “Quase ninguém faz isso, mas não achei muito pesado”. No mirante do pôr-do-sol, continue reto para chegar à Praia Brava. Há uma trilha, com indicação, e é preciso descer uma escadaria de pedras. Na descida, já tem vários locais bonitos para tirar fotos, descreve ela. A Bárbara sempre dá dicas de Arraial do Cabo em seu blog. Fiquem atentas!

Prainha

Barcos na praia

Prainha: é a primeira praia que se vê ao chegar em Arraial do Cabo (Foto: Ana Elizabeth Diniz)

É a mais central. A gente a avista logo ao chegar à cidade e é uma das duas “urbanas” (a outra é a Praia Grande), com predinhos, um hotel e um loft para locação de apartamentos de frente para o mar.

Do lado direito, estão restaurantes que costumam servir peixes preparados logo após serem pescados. Também tem um mercado de peixes.

À tardinha ou pela manhã, podem-se acompanhar arrastões, sempre seguidos do espetáculo das gaivotas, ávidas pelos restos de peixes. Os turistas fazem a festa, entregando nacos para os pássaros, que vêm na mão para comer.

Alguns trailers estacionam por ali, vendendo bebidas, petiscos e refeições, preparadas em casas próximas.

Praia do Pontal

Pescadores pescando na pedra e vista da praia do Pontal, uma das praias de Arraial do Cabo

Praia do Pontal: pesca de vara é passatempo de moradores numa das praias mais extensas de Arraial do Cabo (Foto: Ana Elizabeth Diniz)

É a primeira depois do portal de entrada da cidade, à esquerda da Prainha (da perspectiva de quem olha para o mar). Dá para ir à pé, a partir da Prainha, ou por trilha, pelas pedras. Fomos de carro, demoramos uns 5 minutos pra chegar, percorrendo um pequeno trecho em estrada de terra, saindo da Prainha, entrando à direita, depois de um posto de gasolina.

Como o nome diz, há um pontal onde pescadores lançam seus anzóis. A área é reserva da marinha. É uma praia de grande extensão e aberta, que se une à Praia do Foguete, Dunas e Praia do Forte já em Cabo Frio.

Quando fui, havia apenas um trailer, mas certamente no verão tem mais. Há um espaço atrás com árvores, sombra, próprio para um descanso e um piquenique. Gostei muito, achei bem tranquila e espaçosa.

É preciso tomar cuidado com correntezas fortes. À frente fica a Ilha do Pontal.

Fomos duas vezes lá. Na primeira em dia de semana, estacionamos sem problemas. Na outra, domingo, o estacionamento era cobrado pela prefeitura e tinha mais gente.

Praia Grande

Praia grande, com vegetação e dunas pequenas

Praia Grande, uma das mais frequentadas de Arraial do Cabo: foto tirada do Mirante Boa Vista (Foto: Marlyana Tavares)

É a outra praia “urbana” de Arraial com 1.300m de extensão. As ondas mais agitadas em mar aberto atraem surfistas, na parte direita de quem olha para o mar.

Ficamos pouco tempo na areia, pois este também foi um dia nublado, mas em um dia anterior, vi um pôr de sol maravilhoso ali. É bem boa para caminhada.

Na Praia Grande, todos os comerciantes que tinham barracas migraram para quiosques ao longo da Avenida Hermes Barcelos e, com isso, a areia estava sempre limpa. Eu fui em novembro. Contaram-me que no verão a limpeza deixou a desejar.

Há espaço para estacionamento ao longo da Hermes Barcelos, mediante pagamento de taxa municipal, com talões vendidos por fiscais da prefeitura.

Rapazes surfam nas ondas da Praia Grande, uma das praias de Arraial do Cabo

Ondas agitadas favorecem surfe na Praia Grande (Foto: Ana Elizabeth Diniz)

São vários restaurantes que abrem para almoço e jantar, com música ao vivo, e do outro lado da avenida há edifícios com apartamentos particulares, muitos para aluguel, lojinhas de roupas e suvenires, lanchonetes, etc.

No fim da avenida, do lado direito, uma estátua da filha da terra, a atriz Flávia Alessandra, no estilo de Brigitte Bardot (em Búzios), atrai turistas para fotos.

Escultura de mulher e praia ao fundo na Praia Grande em Arraial do Cabo

Flávia Alessandra faz as vezes de Bardot na Praia Grande de Arraial do Cabo (Foto: Marlyana Tavares)

Pontal do Atalaia

Por-do-sol, com o mar e uma ilha ao fundo

Pontal do Atalaia: o mais belo por-do-sol de Arraial do Cabo (Ana Elizabeth Diniz)

Na praia, amanheceres e entardeceres são sempre lindos quando o tempo é bom. Mas em Arraial do Cabo dois lugares despertam vontade de rezar nestes momentos do dia. O mirante do Pontal do Atalaia, com a vista da Ilha dos Franceses e  o mirante Boa Vista, voltado para a Praia Grande.

Cada um terá sua própria experiência, claro. Eu sempre quero ficar bem quietinha só admirando, enquanto outros, inquietos, preferem ficar disparando suas câmeras, sem um minuto de sossego.

O mirante do Morro Boa Vista foi a surpresa da temporada por lá. Nunca tinha ouvido falar e fui apresentada a ele pela amiga Bárbara. Foi bem mais privado do que o do Atalaia. É lindo.

Passeios de barco e mergulho

Barco com pessoas em Arraial do Cabo

Passeios de barco levam às praias e pontos de mergulho (Foto: Marlyana Tavares)

Arraial do Cabo é vendida como a capital do mergulho do Brasil ou do Rio de Janeiro, embora não desbanque Fernando de Noronha. Não mergulhei lá, mas já o fiz em Noronha. E quem já mergulhou nos dois não me deixa mentir,  embora mergulhar em Arraial do Cabo seja descrito como estupendo, com visibilidade boa e muitas espécies de peixes e corais.

Há várias escolas e operadoras de passeios de barco com mergulho pela cidade. É preciso saber escolher. Recomendo ler resenhas de viajantes em sites como Trip Advisor antes de escolher uma operadora e fechar o passeio.

Os passeios de barco duram de 3h a 5h e passam sempre pelos mesmos lugares: Gruta Azul, Prainhas do Pontal do Atalaia, Ilha do Farol, Cara do Macaco, Fenda de Nossa Senhora, Buraco do Meteoro, Restaurante Flutuante. São mais de 20 pontos de mergulho, com profundidades que variam de 6 a 25 metros, e 6 naufrágios. A maioria dos pontos fica a cerca de 20 minutos do ponto de partida dos barcos.

Confesso para vocês: não fiz o passeio de barco, nem mergulhei.  De início não me animei porque vi os barcos cheios, tocando música alta e muito axé. Quando finalmente decidi fazer o passeio com a Dom Juan, a primeira que sai às 8h da manhã, o dia amanheceu nublado. Hoje me arrependo de não ter feito logo ao chegar, em dia de sol, porque teria sido o único jeito de chegar à Ilha do Farol. Motivo para voltar.

Passeio histórico

Altar em branco e dourado com imagem original de Nossa Senhora dos Remédios, em Arraial do Cabo

Imagem original de Nossa Senhora dos Remédios (Foto: Ana Elizabeth Diniz)

Eu não tinha a menor ideia dessa importância histórica de Arraial do Cabo e acho mesmo que o município deveria explorar mais isso. Surpreendeu-me o fato de que o lugar foi sede da primeira missa coberta do Brasil (desculpem a ignorância). Foi em 1506, numa capela de pau a pique, hoje igreja de Nossa Senhora dos Remédios. A igreja já foi bastante modificada.

Nas cores branca e azul, ela guarda a imagem original de Nossa Senhora dos Remédios. Dizeres em aço com o nome dela na fachada destoam completamente do estilo (uma pena!), mas em seu interior ela é bem bonita.

Muro de uma casa de pedra com os dizeres Casa da Piedra, em Arraial do Cabo

Casa da Piedra, antes uma feitoria instalada pouco depois do descobrimento do Brasil (Foto: Marlyana Tavares)

Nesse largo histórico também fica a Casa de Piedra, uma das primeiras construções do Brasil, de 1506, que teria sido a primeira feitoria (casa de comércio) do país. É bem conservada. A fachada, em branco contrastando com a pedra, é bem bonita. Propriedade particular, não é aberta ao público.

Caminhando à direita, em direção à Praia dos Anjos, há um monumento de pedra, denominado Obelisco Américo Vespúcio, no lugar onde aportou a armada portuguesa comandada por ele, em 1503. E o primeiro poço d´água que abasteceu a comunidade. Também há algumas casinhas bem antigas por ali, mas muito mal preservadas.

Entrada da Casa da Poesia, na cor rosa e com a placa Casa da Poesia, na praça histórica de Arraial do Cabo

Casa da Poesia, onde viveu o poeta Victorino Carriço (Marlyana Tavares)

Ao lado da igreja fica a Casa da Poesia. Uma graça coloridinha que nos atraiu como uma ímã para dentro. Nela morou o poeta Victorino Carriço, morto em 2007, aos 96 anos. A residência é mantida como era no tempo do poeta, com seus móveis, quadros e cadernos de trovas. Ele ficava na janela, recitando versos para os passantes e era muito querido na cidade. A casa abre das 9 às 16h30, de segunda a sexta. Não paga nada.  

Onde comer

Há vários restaurantes na Praia Grande com o tradicional menu de praia: arroz, peixe, moqueca, pirão de peixe, etc. A cidade também tem opções de self-service mais baratos, nas imediações mesmo da Praia Grande ou no Centro. Na Praça do Cova (Praia dos Anjos) concentram-se os restaurantes mais afamados.

Gosto não se discute e o bolso dita as regras do que vamos comer a cada dia. Assim, o talharim com salsicha e ovo em casa, garante a grana para pagar a conta mais salgada da pérola gastronômica local. E as pérolas ou os melhores restaurantes onde comemos foram:

Prato com moqueca de peixe com banana

Moqueca de peixe com banana (Foto: Marlyana Tavares)

Pimenta Rosa* –  Travessa Damaceno Barreto, 9 – Praia dos Anjos – ( 22- 2622 – 3073). Comemos massa com camarão e pimenta rosa e moqueca de peixe e banana

Bacalhau do Tuga* – Rua Santa Cruz, 5 – Praia dos Anjos (www.bacalhaudotuga.com), acima da Praça do Cova. Saboreamos o bacalhau com natas

*As porções geralmente são generosas, dão para duas pessoas

Dois potes de bolo de sorvete

Bolo de sorvete

Sorveteria Frutas de Goiás, ao lado do Porto, na Praia dos Anjos – Experimente o delicioso bolo de sorvete. As porções geralmente são generosas, dão para duas pessoas.

Onde ficar

Arraial do Cabo, para muita gente, é lugar para passar o dia, vindo de Cabo Frio, Búzios ou outras cidades da Região dos Lagos. Eu queria fazer o contrário, porque já tinha as outras experiências. Queria ficar hospedada em Arraial do Cabo e não me arrependi.

Fiquei hospedada no Loft Prainha, de frente para o mar, posicionado mais ou menos no Centro da Prainha (como são apartamentos geridos pelos proprietários, sugiro levar roupa de cama). Não há uma padronização nos apartamentos. Há um síndico que cuida do edifício e funcionários na recepção que podem entrar em contato com o dono do apartamento se algo sair errado. Vai por mim: é melhor esclarecer e combinar tudo com o proprietário, antes de bater o martelo.

No loft, da minha cama eu via o mar sem obstáculos, o que era muito, muito bom. Dormia e acordava com o barulhinho das ondas. Porém, minha amiga sofreu pois a cama de solteiro era uma dessas camas de armar, muito desconfortável. Ela, solidária com minhas dores de coluna, dizia sempre que estava tudo bem e só me confessou no final da viagem que não foi tudo tão bem assim.

Logo ao chegar na cidade se avista na Prainha o Hotel Ocean View, também um dos poucos com apartamentos vista-mar de Arraial do Cabo. Você logo o verá. É todo pintado de rosa e branco. Tem duas piscinas ao ar livre e é apontado pelos hóspedes como tendo muito bom café da manhã.

Achei interessante a localização dos dois, Loft e Prainha (para os apartamentos vista-mar), pois se você já quiser acordar e dar um mergulho a praia está ali, bem à sua frente. E o pôr-do-sol, a mesma coisa, você pode vê-lo da cama! Gosto de me hospedar com vista para o oceano, claro, com bom custo-benefício. Porém há pousadas em ruas perpendiculares, bem próximas à Prainha, com uma caminhadinha você estará lá.

A Praia Grande também tem hospedagem à beira-mar, com apartamentos de aluguel e pousadas a poucos metros da praia como a Pousada Caminho do Sol e a Pousada do Timoneiro. A Caminho do Sol cai no gosto dos hóspedes por ter quartos com varanda, excelente café da manhã, cozinha italiana, música ao vivo no happy hour e uma série de confortos e amenidades, A Pousada do Timoneiro tem quartos confortáveis, com varandas, voltados para uma piscina, e um bom café da manhã. 

Ficar na Praia dos Anjos, que é próxima a uma boa oferta de serviços como as empresas de passeio de barcos, restaurantes, banca de jornal, largo histórico e aos moto-táxis para a Praia do Forno também pode ser uma boa ideia. A Pousada Canto da Baleia agrada famílias pelo café da manhã variado e atendimento afetuoso. Tem gerador próprio e não deixa o pessoal de toalha na mão quando falta em Arraial do Cabo, fato não raro.

Para ter vista estupenda há pousadas no Pontal do Atalaia, mas o hóspede tem que estar de carro, necessariamente. Arraial do Cabo tem boa oferta de hostels. São mais de 20, com bom custo-benefício e alguns com quartos individuais. O Perola dos Anjos , próximo à Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, é um dos mais bem avaliados pelos hóspedes pela localização, a 400 metros da Praia do Forno, e bem no Centro.

Há muitas casas e apartamentos de aluguel, aliás, o turismo em Arraial do Cabo começou assim. Ao entrar em lojas ou outros estabelecimentos, conversando com moradores, a gente logo encontra proprietários que alugam casas para temporada.

Existe, claro, a opção de ficar em Cabo Frio. É bem perto e há mais oferta. É preciso dizer que Arraial do Cabo, para quem gosta de balada, é fraco de opções, não tem nada. Está mais para uma cervejinha de happy hour, uma caminhadinha na praia, jantarzinho e cama. Então, para quem gosta disso, talvez hospedar-se em Cabo Frio seja a solução.

Já para se hospedar em Búzios, é preferível apenas tirar um dia para passear em Arraial do Cabo,  pois a distância não ajuda muito (veja quadro de distâncias abaixo). Dá para fazer uma jogada, que é ficar três dias em Arraial e três em Búzios. Evita-se o bate-volta cansativo e é possível aproveitar com calma tudo o que as duas cidades da Região dos Lagos têm a oferecer.

Uma explicação

*Se você ficar interessada em se hospedar em uma dessas cidades e clicar em nossos links, ganhamos uma pequena comissão do Booking.com, do qual somos afiliados. Isso não influi em nada no preço final que você pagará em suas diárias. Essa comissão nos ajuda a pagar os custos do blog e continuar trazendo as melhores informações para você! 

*Todos os custos dessa viagem foram bancados por nós. As indicações foram testadas e aprovadas por nós. No caso das indicações de hospedagem, foram escolhidas as mais bem avaliadas do Booking.com, cotejadas com outras avaliações de moradores e outros sites. Eu fiquei hospedada no Loft da Prainha, pagando minhas diárias. Esta é a política do blog, de total transparência. 

*Caso venhamos a viajar com algum apoio, isso estará explicitamente citado no post. 

Quando ir

Segundo moradores, em março, abril e maio, a água tende a ficar menos fria. No verão lota, chega a dar fila de carro para entrar na cidade. Aí, vai de cada um encarar ou não. Entre agosto e outubro é provável haver ventanias. Novembro peguei alguma chuva e pouco vento, mas também maravilhosos dias de sol.

Além do clima, tem o fator “temporada”. Férias e feriados, principalmente Carnaval e Semana Santa, Arraial do Cabo lota. De fazer fila para entrar na cidade. Então, se você não tem filho em idade escolar nem trabalho formal ou pode tirar férias em baixa temporada, deixe para ir fora das épocas de muvuca.

Com 57 anos e trabalhando home-office no blog De Saias pelo Mundo, viajar fora de temporada para qualquer lugar do mundo e praias brasileiras é mandatório para mim. E posso afirmar que os preços caem no mínimo 30% em hospedagem, além do seu poder de barganha que cresce muito. (Nas fotos, eu e minha companheira de viagem Ana Elizabeth Diniz)

Distâncias

Distância buzios arraial cabo frio

Arraial do Cabo – Cabo Frio – 12,4 km, pela Rodovia General Bruno Martins

Arraial do Cabo – Búzios -35,8 km, pela Rodovia General Bruno Martins

Belo Horizonte – 550 km

Rio de Janeiro – Arraial do Cabo – 140 km

São Paulo – Arraial do Cabo – 560 km

Brasília – 1250 km

Vitória – Arraial do Cabo – 400 km