Marlyana Tavares (Atualizado em 20/09) – Passageiros brasileiros não estão sabendo lidar com a cobrança de malas despachadas pelas companhias aéreas. Além de ficarem desgostosos de terem que gastar dinheiro pelo que antes era de graça, se confundem na hora de pagar e acabam desembolsando mais do que deviam.
Afinal, quanto custa despachar mala para uma viagem em voos domésticos no Brasil? E nos internacionais?
A resposta tem que estar bastante explicadinha em todos os canais de comunicação – especialmente os das companhias aéreas. Isto é lei!
Mas também fizemos nossas pesquisas e damos uma ajudinha para fugir das armadilhas.
Taxas desperdiçadas
Entre passageiros que se sentiram presos na pegadinha das taxas de bagagem estão mãe e filha Mayara e Carla Corteletti (foto que abre a matéria), que viajaram de Vitória para Belo Horizonte. Encontrei as duas enquanto lanchavam no Aeroporto de Confins, no dia da blitz nacional (28/07) realizada por Procons e entidades civis de defesa do consumidor. Olha o caso!
Mayara, de 20 e poucos anos ia visitar o namorado em um sítio por aqui em BH. Compraram as passagens com antecedência pela TAM e pagaram R$ 50 cada uma para trazer bagagem de até 23kg. Para economizar, escolheram fazer escala no Rio.
Mayara trouxe 14kg e Carla 8kg, que poderia ter colocado numa mala de mão e transportado na cabine do avião sem pagar nada. Ou seja, o barato acabou saindo caro.
“Quando compramos as passagens, achamos que íamos trazer mais roupas de frio, o que acabou não acontecendo”, conta Carla. “Essa taxa tinha que ser mais barata, ou a passagem ficar mais em conta, o que não aconteceu”, reclama.
Bolsa de mão
Em outro ponto do aeroporto encontrei Izabela Borges, de 24 anos, vindo de Goiânia. Escala em BH, iria para Portugal, pela TAP, “a única que autoriza 32kg”, destacou.
Izabela – que não gosta de fotografia e me deixou mostrar só a malinha de 10kg e a mega bolsa de mão que recheou ao máximo – gosta de carregar muita coisa. “Estou levando bastante encomenda de família”, justificou. A bolsa de mão entupida, segundo ela, foi a receita que lhe deram para conseguir transportar mais coisas, já que não é pesada no check-in.
E você, já se preparou para essa nova realidade que anda dando muita dor de cabeça por aí? Então, lápis, papel, fita métrica e paciência para fazer contas e pesquisas nos sites das companhias aéreas, se não quiser levar prejuízo.
Antes de fechar as malas
1 – Pesquise à exaustão
Você tem agora não só que escolher a passagem pelo menor preço no site das companhias aéreas ou nos sites de compra como “Decolar”, Melhores Destinos, Submarino e etc, como ler a política de “Bagagem” deles. Essa política tem que estar explicitada claramente, sob pena de autuação e multa. Se você comprar nos sites de buscas de passagens, pegue o número do localizador, entre no site da companhia aérea escolhida, insira o número do localizador e compre a taxa de bagagem.
2 – Os preços das bagagens despachadas sobem à medida que aumenta o número de malas.
E fiquem espertas/os. Os preços nos balcões são bem maiores do que se você pagar na internet ou nos totens de atendimento no aeroporto.
3 – Defina seu perfil de viajante, e dependendo, considere mudá-lo.
Sim, viajar mais leve, pensar na viagem que fará e não deixar para a última hora para comprar passagem são itens que vão contar mais ainda agora.
4 – As companhias têm diversos tipos de tarifas e também “benefícios” de acordo com programas de fidelidade.
Veja a tabela a seguir, a partir do basicão:
Azul – Na Reserva Mais Azul você pagará até 23kg: R$ 40 (pelo site, call center, app Azul, totem no aeroporto); R$ 60, balcão de venda. Na Reserva Azul só é permitido bagagem de mão de 10kg. Para você despachar mais uma bagagem é permitido até 22kg e você pagará R$ 28/kg. Para voos, geralmente incluídos 23kg na franquia. Voos internacionais, 23kg de franquia. Veja mais e atualize preços na página da companhia.
Gol – O site te dá um simulador para que você faça testes de acordo com tarifas light, programada e flexível, combinando se você é cliente de vários tipos Smiles ou não. O básico para tarifa light (mais econômica) e cliente comum é até 23kg : R$ 30; 2ª bagagem, por R$ 50; 3ª a 10ª, R$ 60 por mala. No balcão, R$ 60; R$ 100 e R$ 120 por peça. Internacional, parte de U$ 10. Lembre-se de atualizar preços no site da companhia.
Latam – Nas tarifas promo e light o preço da bagagem despachada é R$ 30 (1ª mala); R$ 50 (2ª); a partir da 3ª R$ 80/peça. No site, central de vendas, fidelidade e serviços é de R$ 50, R$ 80 e R$ 110. Aeroporto: R$ 80, R$ 110, R$ 200. Valores para compra da bagagem junto à passagem. Para tarifas Plus e Top (mais caras), a bagagem de 23kg é incluída. Atualize os preços no site da companhia
Há possibilidade de comprar a bagagem separado da passagem, até 3 horas antes do voo, com valores mais baratos que no aeroporto: R$ 50 (1ª), R$ 80(2ª) e R$ 110 (a partir da 3ª). Você entra em Consulte Sua Reserva, vai em Serviços e Adicione Bagagem. Internacionais a partir de 23kg. Consulte página.
Avianca – Última a modificar sua política de preços, a Avianca começou a cobrar, desde o dia 25 de setembro/2017, os valores de R$ 30 e R$ 60 (internet e balcão, respectivamente) para passagens na tarifa Promo.
6 – Meça as malas.
Lembra que eu falei da fita métrica? Pois é. Além de desapegar e se possível aprender a viajar leve com uma mala de 10kg, meça as dimensões (largura x altura x comprimento) da mesma.
A penalidade para descumprimento? Você terá que despachar e pagar a famigerada taxa com valores praticados no aeroporto (lembra que é mais caro?).
Avianca, Latam permitem tamanho médio somado de até 158 cm. Em seus sites Gol e Azul especificam até as dimensões de cada lado: 40cm de comprimento; 25cm de largura; 55cm de altura, somando 115cm no total.
7 – Opte por malas leves.
Polipropileno, tecido, quatro rodinhas, duas rodinhas…Vá à loja e pesquise e pesquise qual mala atende à sua demanda. A da Izabela tem 2kg apenas, é de tecido e se bem observei, quatro rodinhas. Blogueiros apontam que o material polipropileno também é bem leve. Tenho uma e concordo.
8 – Pese com o conteúdo dentro.
Além da fita métrica, tem a balança. Se a mala de 23 kg estiver mais pesada que isso você pagará o excesso de bagagem e aí só Deus. O atendente vai consultar a listinha de onde pra onde você está indo (cada origem-destino é um valor) e lhe informar o valor. Nos sites das companhias dá para consultar o valor desse excesso. Mas, vamos combinar, é um saco!
9 – Verifique se as companhias aéreas mantêm informações visíveis nos seus balcões de compras de passagens e de check-ins.
Está na resolução 400 da Associação Nacional de Aviação Civil (Anac), que regula a aviação no Brasil. Exija ser bem informado pelos atendentes. De maneira geral, dei uma volta em Confins nos balcões das companhias e fui atendida a contento. Na pesquisa que fiz para este post liguei para algumas centrais de atendimento para tirar dúvidas e tirei.
Discordância e batalhas legais
Para o promotor de Justiça e coordenador do Procon-MG, Artimos da Mata e a advogada Luciana Atheniense, especializada em direitos do consumidor viajante, a cobrança das taxas de malas despachadas é ilegal. Fere o direito civil que garante, no mesmo contrato, o pagamento único de passagem e transporte de bagagem.
Pipocam ações civis públicas pelo país, enquanto no Congresso também se questiona a medida. Por enquanto, o que está valendo é a Resolução 400 da Anac. Ela define, além da permissão da cobrança, uma série de direitos e deveres das companhias aéreas e dos passageiros.
Exija seus direitos
Leia abaixo, dicas da cartilha que foi distribuída no aeroporto aos passageiros durante a blitz nacional
1 – Se o passageiro não puder embarcar, por motivos que não são de sua responsabilidade, a companhia aérea deve reembolsá-lo na hora no valor de 250 DES (Direito Especial de Saque) – para voos nacionais e 500 para voos internacionais: R$ 1.107,12 e R$ 2.214,25 (valores atuais), respectivamente. A companhia é responsável ainda por realocar o passageiro em outro voo, reembolsá-lo do valor pago pela passagem, ou oferecer-lhe outro meio de transporte.
2 – Se o passageiro se arrepender pela compra da passagem pode cancelar o bilhete em até 24 horas, desde que a passagem tenha sido emitida com antecedência mínima de 7 dias da data do embarque.
3 – Companhias não poderão mais cobrar multas contratuais superiores ao valor da passagem, o que ainda é considerado abusivo pelo IDEC e entidades de defesa do consumidor. O instituto recomenda ler as regras para cancelamento antes de comprar a passagem pois as condições mudam de acordo com o tipo de tarifa.
4 – A companhia aérea não pode cancelar o voo de volta caso o passageiro desista do voo de ida, em caso de compra de voo de ida e volta juntos. Porém, o passageiro precisa comunicar à empresa aérea que não comparecerá até o horário originalmente contratado do voo de ida.
Fonte: Cartilha elaborada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
Nossa, minha filha fará uma viagem agora para Buenos Aires e Chile. Estávamos exatamente conversando sobre a cobrança por malas. Oportuna e esclarecedora essa matéria.
Que bom que gostou. Estamos aqui para tirar dúvidas. Se tiver outras questões, não hesite em nos procurar. Abração
Excelente matéria!
início do mês fui para o Chile pela Latam e na fila do embarque, os funcionários estavam de fato medindo as malas de mão (carry on). Vi muita gente precisando despachar mala no embarque do voo.
Olá… ótimas informações…. Só uma dúvida, se vc puder me esclarecer… A medida é com as rodinhas ou sem?
Olá Juliane, a medida é sem as rodinhas.