Patricia Lamounier (texto e fotos) – Muitos dos pacotes turísticos para Cusco e Macchu Picchu oferecem uma parada estratégica na capital peruana. Normalmente esta parada é de 1 ou 2 dias. Por isto, preparei um roteiro com as melhores dicas sobre o que fazer em Lima neste curto período de tempo.

Parques, igrejas e monastérios, catacumbas, praças, museus, restaurantes… São muitos os lugares para conhecer e se encantar na principal cidade deste país tão colorido!

1º DIA

Comece pelo Centro da capital peruana. Se estiver longe, pegue um táxi, tuc-tucs ou ônibus. A Av. Arequipa, a Av. Tacna e a Av. Garcilaso cortam o Centro e passam pelos bairros de Miraflores, San Isidro e Barranco.

O Centro, idealizado pelo fundador da cidade, Francisco Pizzaro, é um emaranhado de ruas estreitas e lotadas de gente. A maior parte dos prédios antigos, em estilo colonial (ou o que sobrou deles), data do século XVI. É interessante se perder nestas ruas, observando os peruanos, o modo de se vestirem, a loucura do trânsito e a peculiaridade do comércio.

Inicie pela Praça de San Martín e seus arredores. As construções remetem ao início do século XX, quando a arquitetura se inspirava no estilo francês.  Procure pelo Gran Hotel Bolívar. Se puder ou quiser, pare para um café!!!

Ali pertinho, na Jirón Lampa 474, a história do País é contada no Museu Central, Banco Central de Reserva Del Peru (fotos abaixo). Muito interessante de se visitar.

O acervo guarda uma mostra representativa da arte peruana em todos os aspectos – arqueologia, arte popular, pinturas republicanas, tudo retratando as transformações acontecidas nas mais diversas épocas e regiões do país. Em uma rápida visita de 45 minutos é possível conhecer inclusive detalhes sobre o financiamento e  construção do Gran Hotel Bolívar e do Edifício Wiese. Aberto de segunda a domingo das 10h às 16h30. Entrada gratuita.

colares, boto~es, brincos, em ouro, acrevo do museu central, lima, peru

Jóias confeccionadas em ouro: acervo do Museu Central

Caminhe pelo calçadão da Jirón de La Unión. Não deixe de agradecer pela viagem na Igreja De La Merced, fundada em 1541 e onde a primeira missa da capital foi celebrada. A Igreja de San Pedro, datada do século XVII está no caminho. É um importante centro espiritual.

Siga em direção à Praça das Armas, também conhecida por Praça Mayor. Ali foi onde tudo começou em 1535. Infelizmente daquele tempo não existe mais recordação. Nenhum edifício original, somente a fonte de bronze de 1650.

Os mais importantes edifícios públicos estão ao redor da praça ou vizinhos a ela: o Palácio Arcebispal, o Palácio do Governo, com a troca da guarda sempre às 11h40, a Catedral de Lima e a Prefeitura. Vale a pena gastar um tempo e apreciá-los. A Catedral é enorme e realmente muito linda. O Palácio Arcebispal também! Caso decida visitar os dois, compre os ingressos conjugados.

A fome vai bater!!! Não faça como eu, que para ganhar tempo a caminho do Monastério de São Francisco, comi em um bar/ restaurante com cardápio turístico. Foi a pior refeição que tive no Peru. Separe um tempo e ande pela região. Aprenda a usar os aplicativos de restaurantes na área. Eu sou péssima em tecnologia! Escolhi este restaurante olhando o número de pessoas que estavam comendo ali. Normalmente é indicativo de que a comida é gostosa! Lêdo engano!

teto em vidro pintado em cores fortes da Casa de Literatura Peruana, Lima

Casa de Literatura Peruana, Lima

Volte para a Praça das Armas ou Praça Mayor e vá em direção ao Monastério que está a poucos minutos da praça. No caminho dê uma paradinha na Casa de Literatura Peruana (foto acima) que está localizada na antiga estação dos Desemparados, na Jr. Ancash 207. A casa foi criada para incentivar a leitura.

É um museu interativo com 16 salas de exposições onde conta a vida e a obra dos escritores peruanos como Garcilaso de La Veja, Ricardo Palma, José Carlos Mariátegui, Cesar Vallejo, Mário Vargas Lhosa e outros. O local está muito bem restaurado, estruturado e é de fácil de visitação. A biblioteca abriga cerca de 20 mil livros. Entrada gratuita, de terça a domingo.

igreja monastério de -Sao-Francisco, Lima, Peru, foto Patricia Lamounier

Entrada do Mosteiro de São Francisco: Igreja, Capela e Catacumbas

O Mosteiro de São Francisco, construção datada do século XVII, é tombado pela UNESCO. Seu conjunto contempla a Igreja da Soledad, a Capela dos Milagres e as Catacumbas, com mais de 25 mil ossadas humanas. Foi o primeiro cemitério público de Lima. Muitos adoram a visita, outros acham de extremo mau gosto. Há controvérsias!

foto dos cranios e femures nas catacumbas do Monastério de Sao Francisco em Lima, Peru

Catacumbas do Mosteiro de São Francisco

A cúpula em estilo mourisco acima da escada principal é de tirar o folego. As pinturas do refeitório que retratam Jacó e seus filhos são atribuídas ao mestre espanhol Francisco de Zurbán. Enfim, o mostteiro abriga muuuuuitas obras de arte sacras, azulejos sevilhanos, esculturas… Não dá para dispensar!  A entrada é paga.

Ao sair do Mosteiro existem duas possibilidades: ficar na área e conhecer o Parque da Muralha com a vista para as casas coloridas de Rimac, parecidas com as favelas. Depois andar até o popular Mercado Central, onde irá encontrar todos os tipos de frutas típicas, conferir os queijos, as carnes e peixes peruanos. Se animar siga para China Town de Lima… Ou pegar um táxi para o Museu do Larco! Eu optei pelo museu e não me arrependi.

foto da entrada do Museu Larco , Lima, Peru foto Patricia Lamounier

Entrada para a bilheteria e salas expositivas do Museu Larco (Museu Rafael Larco Herrera)

O Museu Arqueológico Rafael Larco Herrera ou Museu Larco está numa mansão do século XVIII, Av. Bolívar 1515. É simplesmente extraordinário! Um luxo de museu!!!

Fica a 20 minutos de táxi de Miraflores, num bairro residencial. Ao entrar nas dependências do museu, nos deparamos com flores, bougainvíllias de todas as cores. O caminho até o prédio principal é lindo e elegante. Plantas e mais plantas, inclusive cactos típicos dos Andes. Tudo muito bem cuidado!

Na sala introdutória, temos informações sobre como visitar a exposição, a história da fundação do museu, a formação da coleção e um quadro temporal para compreendermos o desenvolvimento da civilização andina. Na sala ao lado, um filme de aproximadamente 10 minutos é projetado. Foi o melhor que vídeo que assisti em todo o país referente ás sociedades originais do antigo Peru!

As salas expositivas são lindas, bem organizadas, encantam os visitantes com sua museografia. À reserva técnica não é grande porém o acervo é substancioso.

Na parte inferior, próximo aos jardins e ao café está localizada à Sala Erótica. O nome já explica tudo! Muito interessante de se visitar!

Se a fome chegar, vá até o Café del Museo, O café está na mesma sintonia de elegância e voltado para um jardim. O preço não é barato, mas vale a pena sentar e tomar um café! A quiche me fez suspirar! A lojinha também!!!

 

placa do circuito-magico-da-agua , Lima Peru, foto Patricia Lamounier

Será noite quando sair do museu. Pegue um táxi e vá para o Circuito Mágico das Águas, no Parque de La Reserva. Em nada o parque se parece com Dubai ou Las Vegas. São 13 fontes ornamentais muito iluminadas com as quais os turistas podem interagir. Uma verdadeira diversão!  Combinação interessante de água, luz, som e efeitos tecnológicos que encantam o turista.

A fonte da fantasia, às 19h15, 20h15 ou 21h30,  com 120 metros de comprimento, coroa a noite com um show de laser e um mix  de músicas peruanas e internacionais como trilha sonora. Muito interessante! O Guinness World Records considera o circuito o maior complexo de fontes em espaço público.

Se animar, vá jantar em Miraflores. São tantos restaurantes de todas as especialidades e para todos os bolsos que não ouso indicar.

Mas se você for de badalação e noitadas, vá para Barranco e entenderá o que é “salir de boleto”, gíria da região para cair na balada e “piscotear”, ao transformar a bebida Pisco em verbo!

2º DIA

Se desejar fazer algumas comprinhas e estiver em Miraflores, vá as lojinhas perto do cruzamento da Av. Diez Canseco com La Paz, ou no Mercado Indio na Av. Petit Thouars.  Dizem que é o melhor lugar para encontrar cerâmicas e tapetes. Eu particularmente não achei graça. Os preços são mais caros do que Cusco e Puno. Nos arredores é possível encontrar outros tipos de mercados, como o Inka, no mesmo estilo que o Indio.

As boutiques de Miraflores vendem roupas com lindos designers em malha de alpaca de muito boa qualidade! Se quiser levar um pisco ou tentar um vinho peruano, passe no supermercado e compre. O Free Shop é mais caro e não haverá tanta variedade de marca.

Se comprar não lhe agrada muito, vá direto para Huaca Pucllana, sítio arqueológico em San Isidro. Esta Huaca ( palavra para sagrado) é um centro cerimonial de adobe da cultura limenha e está toda restaurada. Remonta ao ano 400.

Este espaço arqueológico tem visitas guiadas, um pequeno museu e uma lojinha. Á noite, refletores iluminam o sítio permitindo que visitas sejam feitas inclusive à noite. Existe um restaurante no local, super cotado em qualquer listagem dos bons restaurantes de Lima. Tem vistas para as ruínas e a especialidade é comida Criolla. Não é barato! Nas imediações existem outros restaurantes.

Na parte da tarde, fica a sugestão de 02 museus: o Museu do Ouro ou o Museu de Arte de Lima (MALI).  Optei pelo Museu do Ouro.

O Museu do Ouro (fotos abaixo) é uma miscelânea esquisita. É um museu decadente. Os jardins não estão cuidados, pintura descascada e limpeza deixa a desejar. Parece uma caixa forte ao entrar. Não consegui um folheto informativo. Fiquei triste de ver o estado do Museu.

Ao entrarmos no museu, a parte superior, está uma coleção de armas e apetrechos de guerras dispostas em várias salas (foto abaixo á esquerda). Nada é especificamente ordenado e é muito de tudo. Espadas, capacetes, facas, baionetas, binóculos.  São mais de 20.000 peças. O Instituto Ricardo Brennand, em Recife, conseguiu mostrar uma coleção parecida nuseu de Armas Castelo São João, colecionando obras de arte das mais diversas épocas.

No subsolo é onde realmente fica o ouro (foto abaixo a direita). Portas forte, seguranças  em todas as salas e peças expostas em salas escuras. Os painéis são pouco explicativos entretanto o acervo é de tirar o fôlego. A história do Peru e do seu povo é contada através do ouro. Estão expostas ali peças das civilizações pré-incas, da cultura Moche e Sipan. Colares, máscaras funerárias, brincos, cintos, jarros, copos, centenas de peças, inclusive tapeçarias e vestuário.

Não achei um café.  Sai de lá decepcionada e torcendo para que o governo ou a Fundação que cuida deste museu pudesse  restaura-lo e modernizá-lo como ele merece!

Infelizmente, o Museu de Arte de Lima ficou para a próxima. Só vislumbrei de soslaio ao passar em frente. O MALI está instalado em um palacete neorenascentista de 1869 no do Parque de La Exposición. Seu acervo é organizado de acordo com as várias épocas da história peruana, indo da arte andina até a chegada dos colonizadores. Mais de 3 mil anos contados por meio da arte em suas várias formas de expressão!!!

Depois de visitar um dos museus, siga para o Parque do Amor em Miraflores. Caminhe um pouco pelo parque. Pare no mirante para observar o mar, sinta a brisa do Pacífico no rosto. O parque tem uma grande área verde, com várias esculturas e mosaicos em azulejos, inspirados no Parque Güell, idealizado por Gaudí. Ache a escultura de O Beijo. No dia 14 de fevereiro, Dia dos Namorados, o local é cenário do Concurso de Beijos.  Assista a noite cair.

A gastronomia peruana é considerada uma das mais interessantes do mundo, pois herdou o sabor e a mestiçagem dos espanhóis, dos africanos, dos chineses, dos japoneses e dos italianos. Uma vez tendo visitado Lima e sendo este provavelmente seu último dia, escolha um bom restaurante e vá aproveitar a noite na capital.