Patricia Lamounier – Soroche é o nome que os peruanos dão ao mal de altitude, mas existem outras denominações, como doença das alturas e mal das montanhas. O termo médico é hipobaropatia e está relacionado com os efeitos da altitude nas pessoas, causados pela escassez de oxigênio nas alturas.
Quanto maior a altitude, mais rarefeito o ar e, consequentemente, mais difícil de respirar. A altitude dificulta que o organismo capte oxigênio para suprir suas necessidades.
São três as categorias de altitude que podem causar problemas:
– Moderada: entre 2.400 a 3.600 metros;
– Alta: 3.600 a 5.400 metros;
– Extrema: superior a 5.400 metros.
Quando comentei que iria viajar para o Peru, meus amigos recomendaram a coca! Tome coca! Masque coca, chupe coca!!! Ou seja, o mal de altitude é conhecido por todos que viajam!
Ao verificar o roteiro, descobri que Puno está a 3.800 m de altura, Juliaca a 3.824 m, Cusco a 3.399 m e Machu Picchu a 2.430 m. Sabia que em algum momento da viagem iria sofrer do mal de altitude!
SINTOMAS DO MAL DE ALTITUDE

Cartaz sobre o Mal de Altitude (Depositphotos)
Os principais sintomas (e os mais comuns) adquiridos em altitudes elevadas ou locais de baixa pressão atmosférica são: falta de ar, cansaço, dor de cabeça, vômito, enjoo, tontura, perda de apetite, mal estar e distúrbio do sono!
Podem acontecer casos de diarreia, sangramento nasal, febre e tosse seca. Não há uma ordem específica e nem garantia que o turista sentirá estes sintomas! Mas quase todos sentem alguma coisa, nem que seja uma coisinha, embora cada pessoa e cada organismo seja único!
A maior parte dos casos é leve. Os sintomas do mal de altitude tendem a aparecer horas após a chegada e a adaptação do corpo é progressiva, podendo ser resolvida no período de 1 a 3 dias.
Se os sintomas não melhorarem é recomendável procurar um médico. Nos casos graves é pode ser necessário oxigênio, medicamento e mudança para uma altitude mais baixa.
CUIDE-SE !
Se sua saúde já necessita de cuidados específicos principalmente nos quesitos circulação, cardíaco e respiratório é melhor visitar seu médico de confiança antes de viajar. Ele é a pessoa mais indicada para avaliar seus riscos e fornecer as orientações.
Sei que vários países não exigem seguro-saúde mas é sempre bom ter um seguro para a viagem. Just in case.
Dicas para minimizar os sintomas do mal de altitude
– Hidrate-se! Em grandes altitudes desidratamos rapidamente. Por isto é recomendável beber de 3 a 4 litros de água por dia! Dê preferência sempre à água mineral, em vez de sucos ou chás!
– Alimente-se moderadamente e prefira alimentos leves. Evite gorduras, sal em excesso, pimentas e carnes gordurosas. Ao comer pesadamente, a digestão fica mais lenta.
– Evite bebidas alcoólicas! Sei que todos (ou quase todos) que “turistam” pelo Peru querem provar ou degustar um pisco sour! Mas segure um pouco a onda e não abuse. O álcool permanece no organismo por muito tempo e sua absorção é vagarosa. O álcool também desidrata!
– Não marque passeios para o dia em que chegar. Dê tempo para o corpo se adaptar à altitude. Deite um pouco. Durma um pouco. Se sair, faça uma caminhada leve e devagar.
-Nas farmácias do Peru, Bolívia e Equador, o Sorojchi Pill é vendido sem receita médica e foi desenvolvido especialmente para o mal de altitude. Ele é composto de ácido acetilsalicílico (325 mg), cafeína (15 mg), salofeno (160 mg).
A COCA

Chá da folha de coca para combater o mal de altitude (Depositphotos)
Dizem que o melhor remédio para combater o mal da altitude é a coca. Foi o que usei durante minha viagem ao Peru. Não senti absolutamente nada até dar uma “estirada” na Ilha Taquile, no Lago Titicaca. A culpa foi toda minha: subi o morro rápido demais e fiquei sem ar! Veja a matéria: Turismo no Lago Titicaca: quando e como ir e o que visitar
Nos hotéis ou hostels, o chá da coca fica na recepção e pode ser tomado quando quiser e na quantidade que desejar. Como estava frio, eu tomava sempre que chegava aos hotéis ou antes de sair para um passeio. Eu não tenho problema de sono mas evitei tomar o chá à noite, pois ele é estimulante.
Na minha mochila sempre havia balas de coca para que pudesse chupar caso ficasse tonta ou com dor de cabeça. Tinha também folhas de coca in natura.
A folha da coca não é uma droga. Não possui efeito alucinógeno ou psicoativo. Seus ativos parecem com o chá verde, pois controla o apetite, acelera o metabolismo e melhora a resistência.

Mesa na recepção do hotel em que me hospedei em Puno, com chá de coca e água quente para preparo do chá (Patricia Lamounier)
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