Isabel Pomar Bonnín – É mais tranquila das Baleares possuindo 256km de costa recortada por arribas selvagens, praias idílicas, enseadas povoadas por veleiros, variados monumentos pré-históricos e cidades encantadoras.

Minorca provém de Minorica. Significa ser menor que Maiorca – ilha localizada a nordeste do arquipélago das Baleares.

Menorca é seu nome em catalão!

Ao visitá-la, é obrigatório passear por suas principais cidades, visitar seus mercados artesanais e ao entardecer, perder-se em uma esplanada junto ao mar enquanto se delicia com um coquetel bem gelado!

QUANDO IR

Abril e maio são considerados meses de baixa temporada. Meses de transição entre inverno e verão. É no final de maio que as temperaturas começam a subir, tornando os dias mais quentes (20ºc) com noites frias. A água é gelada. Junho é o mês que Minorca desperta para o turismo. A temperatura sobe, os preços sobem e a água continua fria.

Julho, agosto e setembro são os meses de temporada. Somente no final de setembro que as coisas começam a se acalmar na ilha. O tempo continua bom, os preços baixam e a temperatura continua agradável.

De outubro a abril, Minorca não é uma boa escolha para quem procura praia. A água esfria e aos poucos começam as chuvas e as frentes frias.

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Cala Turqueta, Minorca (Foto: Isabel Bonnín)

ONDE HOSPEDAR

Ao contrário do que acontece em outros destinos turísticos da Espanha, onde se pontua as melhores regiões para se hospedar, em Minorca não acontece o mesmo. É possível se hospedar em qualquer canto da ilha, norte ou sul, leste ou oeste. Cada localização tem suas vantagens e desvantagens.

Ciutadella é a maior cidade de Minorca, embora não seja a capital. Está localizada no extremo oeste da ilha. É o núcleo urbano com a maior oferta de comércio, bares e restaurantes. Quem se hospedar em Ciutadella vai contar com a vantagem de ter acesso aos serviços de uma cidade. É uma boa base para explorar as praias da metade oeste da ilha, tanto na costa norte como na costa sul.

Maó (ou Mahón) é a capital e a segunda maior cidade. Está localizada no extremo leste da ilha, próxima ao aeroporto. É também um grande núcleo urbano. Sua localização é excelente para explorar as praias da metade leste da ilha.

Fornells é uma cidade muito fofa que fica na metade da ilha de Minorca, na costa norte. Conta com menos serviços que uma grande cidade, mas é um lugar mais tranquilo.

COMO CIRCULAR

Para conhecer a ilha, o melhor é alugar um carro, arranjar um mapa e dedicar algum tempo a descobrir as calas (pequena enseada entre rochedos).

Para dirigir em Minorca é simples. Existe uma estrada principal entre Maó e Ciutadella. As estradas internas ligam os povoados à estrada principal e estradinhas ligam os povoados às praias não habitadas.

Não existe ligação entre as praias. É preciso sair da principal, pegar o caminho de uma praia. Depois voltar, para pegar o acesso à outra praia.

As estradas são sinalizadas. O mapa recebido na locadora é mais que suficiente!

RESERVA DA BIOSFERA

São 19 os espaços naturais protegidos. Ocupam 43% de um território que não ultrapassa 48km, divididos em áreas costeiras, barrancos selvagens, lotados de azinheiras (uma espécie de carvalho) e uma extensa zona úmida – a Albufera des Grau, razão suficiente para a UNESCO, em 1993, conceder a Minorca o título de reserva da Biosfera.

A UNESCO considerou Minorca digna deste título devido à diversidade de sua paisagem e das espécies de plantas e animais encontrados exclusivamente na ilha. Alguns correm risco de extinção.

ARQUEOLOGIA

O patrimônio arqueológico e cultural é relevante em Minorca. Centenas de construções completam o enigmático cenário da ilha. A herança até agora encontrada perfaz a média de 2,5 monumentos por km2.

Os ponts ou barraques de bestiar, espalhados pela ilha, são abrigos para gado. Sua forma parece uma pirâmide circular com vários patamares de altura.

Também podem ser encontrados monumentos deixados pela cultura “talayótica”, vestígios de um povo que habitou as Baleares nos anos 1.400 AC. Pouco se conhece desses homens. Somente que conseguiam transformar a pedra abundante em misteriosas obras ciclópicas.

RUÍNAS

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Torre d’em Guamés, Minorca (Depositphotos)

As ruínas de Talatí de Dalt é uma Taula importante. Taula é o monumento cerimonial. É um santuário onde o recinto principal tem forma de ferradura. Normalmente são característicos da Era Talayótica.

As ruínas de Trepucó são um achado arqueológico da cultura pré-histórica. Estão muito bem preservadas. Trepucó é a mais alta das Taulas e é demasiada famosa para ser apreciada em sossego.

A lista de lugares imprescindíveis é extensa e inclui nomes como Torre d’em Gaumés, Torralba, Rafal Rubi, Cales Coves.

A Torre Trencada obriga-nos a deixar o automóvel e percorrer um dédalo de caminho, seguindo por uma trilha estreita rodeada de arbustos e oliveiras. No final, um surpreendente encontro entre milênios de história e um ambiente bucólico!

A CIDADE DE MAÓ (OU MAHÓN)

Mahón

Foto noturna da Praça de Maó, Minorca  (Foto: Isabel Bonnín)

Maó (ou Mahón) é uma cidade clara e cosmopolita, com constante fluxo de gente a percorrer as ruas de fachadas garridas, de elegantes esplanadas da baixa-mar e larga escadaria, que nos eleva ao velho núcleo onde as igrejas saúdam os primeiros raios de sol que iluminam a Espanha. Toda essa luz é refletida pelas águas do porto.

É nos seus arredores que se encontra a maior parte da população e das estâncias turísticas. Nem todas de bom gosto!

Alcafar é uma exceção. Apesar de pioneira na ilha, consegue manter a atmosfera de pacata aldeia piscatória, com barcos pequeninos que parecem planar sobre as águas transparentes junto à armazéns escavados nas rochas.

A MEDIEVAL CIUTADELLA

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Rua de Cuidadella, Minorca (Depositphotos)

Capital primeira da ilha, perdeu o título a favor de Maó. Entretanto não deixou sua pose aristocrática e seus edifícios antigos.  Sua história está  inscrita nas velhas lajes do chão.

Conforme os reinos se sucediam nas costas do Mediterrâneo, Minorca foi palco de pacíficas trocas comerciais, invasões, pilhagens e batalhas. A ilha foi visitada por fenícios e gregos, cartagineses, romanos, bizantinos e árabes. Foi colônia inglesa, durante a maior parte do século XVIII.

O que conhecer

É uma cidade antiga, que se vangloria de ter tido um bispado no século IV. Vale a pena visitar o túmulo da Idade do Bronze Es Tudon e conhecer os desenhos na gruta de Santa Ana de Tourraulbet.

Os visitantes concentram-se nas ruas contíguas à Praça de Es Born, onde a bela Câmara Municipal rivaliza com numerosos palácios, com o convento de Sant Francesc e com o edifício do teatro. É daí, espreitando sobre a antiga muralha que se avista o porto iluminado por dezena de restaurantes especializados em tapas e mariscos.

Por vezes, é nos becos anônimos que se encontram as maiores surpresas, como a fachada de uma igreja de colunas calcárias roídas pelo tempo, imponentes casas senhoriais de átrios suntuosos ou muros altos de onde heras escapam para revelar o recato dos jardins.

Andar por Ciutadella é saborear sua atmosfera medieval. A suave luminosidade que penetra nas vielas reflete em casas de cores claras onde as venezianas abertas tanto mostram humildes interiores domésticos como lojas do mais requintado design.

Quantos lugares permitem uma escolha assim? A noite tem toda a agitação que quisermos. Na manhã seguinte a mais absoluta pacatez, junto ao litoral ou interior.

FORNELLS

É uma pequena cidade ao norte. Nem a fama dos restaurantes que servem o mais conhecido prato  – a calderada de lagosta, nem as dezenas de mergulhadores que chegam atraídos pela riqueza dos findos marítimos da reserva de Cavalleria, conseguem perturbar a alva serenidade de cidade deste local.

Uma fiada de palmeiras na margem da baía, casario pintado de branco até o telhado, uma igreja humilde ao centro, o toque da cor das buganvilles em pátios diminutos, são os ingredientes perfeitos para uma estadia maravilhosa!

ATRATIVOS DA ILHA

Vilarejo de Binibèquer Vell, Minorca  (Foto: Isabel Bonnín)

Binibèquer Vell é um dos atrativos mais visitados na ilha. Trata-se de um povoado construído em 1972 que imita antigas casas de pescadores. Para alguns é somente “uma grande mentira”, por ser imitação. Para outros, um lugar com bastante encanto, com casas caiadas e ruelas estreitas por onde se pode perder. O visual que oferece do clube náutico ao entardecer é imperdível!

Visitas obrigatórias

Existem construções de interesse, como a igreja de Santa Maria, onde está um dos mais belos órgãos da Europa. O Museu Hernández Mora, que abriga uma coleção de arte e antiguidade minorquina, e o teatro Principal, uma réplica do Scala de Milão.

A Igreja do Carmo e seu claustro são de estilo neoclássico. O claustro foi construído entre 1750 e 1808 e utilizado como mercado a partir de 1884. Hoje é um centro comercial e cultural.

O Museu de Minorca está localizado num antigo convento franciscano. Um edifício barroco do século XVII. Um verdadeiro convite para fazer um tour sobre a história da ilha de Minorca através de materiais encontrados.

Es Castell é o antigo quartel da guarnição britânica, outrora conhecida como Georgetown.

O Mercado dos Peixes (foto acima) é um espaço gastronômico e cultural, no qual se pode comprar peixe e frutos do mar, ou come-los ali em seus vários bares e restaurantes.

A Cala Llonga fica perto de Es Castell e do porto. É uma das áreas mais exclusivas e residenciais de Minorca. Como está em uma posição elevada, a vista de lá é uma das melhores para ver todo o panorama da cidade!

 

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Vilarejo de Binibèquer Vell, Minorca  (Foto: Isabel Bonnín)

ISABEL POMAR BONNÍN – Aos 18 anos deixou para trás Mallorca, ilha onde nasceu. Aos 23, deixou Europa, seu continente, para morar no Brasil.

É professora formada em Filosofia pela PUC-MG e em Teologia na Faje. Em 1995 obteve o mestrado na área teológica. Durante várias décadas dedicou à docência.

Em 2008, por amor ao Brasil, naturalizou-se. Apesar de ter dois passaportes, descobriu muito cedo que não teria nunca uma territorialidade definida. Seria meio apátrida, uma estrangeira incorrigível com fome de estrada e cosmopolita de nascença. Estaria sempre em trânsito!

Viajou por muitas geografias, dialogou com diversas culturas e adotou novos costumes. Pisou o chão de mais de 20 países e  faz do viajar parte do seu viver.