Marlyana Tavares – O transporte na Suíça é bem simples, rápido, fácil e acima de tudo, inteligente. São mais de 29 mil quilômetros de rotas interligadas de trem, ônibus e barco.

Quem vai passar mais tempo passeando pelo país do chocolate, dos relógios e das paisagens alpinas pode adquirir, do Brasil, passes especiais que tornam os trajetos entre as cidades mais baratos do que se fosse comprar cada um de forma unitária por lá. Há categorias que dão entrada grátis em mais de 500 museus.

Dentro de algumas principais cidades, como Zurique, há os trans (bondes elétricos), ônibus, táxis e, claro, podem-se alugar carros e bicicletas. Pude vivenciar quase tudo isso em uma viagem que fiz à Suíça quando, além de Zurique, conheci Lausanne, Vevey, Montreux, Interlaken Ost, Engelberg e Lucerna.

Os deslocamentos entre as cidades foram feitos de trem. Andei de tram em Zurique, aqueles bonde movidos a energia elétrica, peguei barcos, teleféricos, e auto-post (ônibus de correios). Só não andei de bicicleta. 

Quer ver como tudo isso funciona?

Transporte na Suíça: como viajar de trem

Os trens vão das estações maiores, como a de Zurique, até as mais remotas. sistema de trens suíço é administrado pela Ferrovias Federais Suíças e empresas privadas. 

Um dos macetes quando a viagem é preferencialmente de trem é se hospedar próximo das estações. Só não recomendo carregar mala tamanho G, como fiz: não foi nada interessante sair puxando o trambolho pra baixo e pra cima. Além disso, o seu trambolho vai ocupar muito lugar no vagão. Uma mala tamanho M (no máximo) e uma mochila, estão de bom tamanho para transitar pelas estações, subir e descer dos trens.

Fiquei impressionada com a precisão dos horários de chegadas e saídas dos trens. E achei engraçado os horários quebrados, como 15h01, por exemplo. Apostava comigo mesma que essas frações de segundos eram brincadeira. Pois os trens surgiam lá longe e freavam nas estações exatamente na hora marcada. Os trens partem sempre no mesmo minuto, após uma hora e meia.

Passes para turistas, vale a pena?

Para viajar de trem pela Suíça há 5 tipos de passes (1ª e 2ª classes) do Swiss Travel System (STS): o Swiss Travel Pass, o Swiss Pass Travel Flex, o Swiss Transfer Ticket e o Swiss Half Fare Card. E se você me perguntar se vale a pena, sim, vale. Principalmente porque eles são conjugados com bilhetes em barcos e outros meios de transporte, sem contar com entradas em museus – como o dos Transportes em Lucerna –, por exemplo , passeios de montanhas, passeios de barcos, etc. Se for comprar cada uma dessas entradas, separadamente, vai sair mais caro. Confira as categorias:

O Swiss Travel Pass pode ser comprado por 3, 4, 8 e 15 dias a ser utilizados consecutivamente. Ele permite entrada gratuita em mais de 500 museus, uso em outros tipos de transporte como barco e ônibus e 50% em viagens de montanha. O passe engloba também as rotas panorâmicas Glacier Express, Bernina Express, Golden Pass, Gotthard Panorama Express e Palm Express. Porém, para elas, é necessário fazer reserva de assento e/ou pagar taxa.

O Swiss Pass Travel Flex, um pouquinho mais caro, também vale pelo mesmo número de dias, mas estes são selecionáveis durante o mês. Tem todas as outras gratuidades e descontos do Swiss Travel Pass.

O Swiss Transfer Ticket refere-se a viagens de fronteira e aeroportos.

Já o Swiss Half Fare Card tem validade de 1 mês e dá direito a até 50% nas viagens de trem, ônibus e barco e 50% de desconto na maioria das ferrovias de montanha e meios de transporte público. Pode ser obtido em estações ferroviárias do país e em pontos de venda do mundo inteiro. É o mais barato de todos. Tenho uma amiga que mora na Suíça que usa o Half Fare Card e recomenda.

O Swiss Family Card pode ser interessante para famílias que viajam com crianças de até  16 anos. Elas tem gratuidade quando acompanhadas de pelo menos um dos pais, com bilhete ou passe válido do Swiss Travel System. O cartão pode ser comprado nos pontos de venda do sistema na Suíça e no mundo. Se não estiverem acompanhadas pelos pais, crianças pagam metade do preço dos bilhetes do STS.

Dá para comprar os bilhetes com antecedência, no Brasil, no site da RailEurope. Ali você vê os trechos que quer fazer, faz a conversão da moeda e tira as dúvidas.

De cima para baixoTrens são o principal meio de locomoção na Suíça; estação de Zurique; trem panorâmico da Golden Pass Line; tram em Zurique; estação de Kleine Scheiberg, no caminho para Jungfrau, a estação mais alta da Europa (Fotos: Marlyana Tavares)

Rotas panorâmicas

Trem passando sobre ponte em paisagem suíça

Linha do Glacier Express: um das mais procuradas do país (Foto: STS/Divulgação)

Elas levam a montanhas, passando por vilas alpinas, paisagens incríveis, cachoeiras, lagos, rios. Enfim todo aquele maravilhoso clichê suíço. Eu fiz a Golden Pass Line, incluída no Swiss Travel Pass Flex (que tem que ter assento reservado), que liga Lucerna a Montreux, passando por Interlaken, e a excursão de montanha para Jungfraujoch.

Na verdade, existem as rotas panorâmicas, cênicas, temáticas e as excursões de montanha. Pesquisando pelo site, você tem vários filtros dos tipos de passeio que deseja fazer.  Os trens panorâmicos que servem à Golden Pass Line são extremamente confortáveis, com imensas janelas de vidro, que permitem uma completa imersão na paisagem. É muito gostoso, muito lindo.

Moça sentada em poltronas em vagão de trem na Suíça

Um dos trechos de minha viagem à Suíça em vagão da Golden Pass Line (Foto: Arquivo Pessoal)

Já o trem que me levou para Jungfrau é super estreitinho – é o chamado trem de cremalheira– e corre quase totalmente dentro de um túnel estreito, uma obra de engenharia louca, dentro de uma montanha que levou a seu topo (3.454m). Mas isso eu vou contar no próximo post. No site do Swiss Travel System você confere os preços (preferi não dar aqui, porque valores sofrem alteração).

Uma das rotas mais famosas de trem é a Glacier Express (St-Moritz-Zermatt). Ela conduz os passageiros pelos Alpes numa viagem de 8 horas, passando por mais de 290 pontes e 91 túneis. É conhecida como o trajeto feito em trem expresso mais lento do mundo.

Passeios de barcos

Passeios de barcos são integrados com sistema de transporte na Suíça

A Suíça é recheada de rios e lagos de água limpíssima. O que também me impressionou muito. Nos meses quentes e de sol, a população sai em peso de casa para passear em volta deles, fazer piqueniques e nadar. Passeios de barcos estão incluídos no lazer dos suíços e, claro, dos turistas. No Swiss Travel Pass todos os passeios de barco pelos lagos são contemplados.

Estes que aparecem na foto estão no Lago Léman. Estamos em Montreux, na extremidade leste do lago. Fiz um passeio até o castelo medieval de Chillón, antiga fortaleza dos duques de Savoya. Os barcos podem oferecer refeições a bordo. Vi até fazerem reuniões de negócios num passeio que fiz em Zurique.

Ônibus e carros

Dois ônibus nas cores amarela fazem parte do sistema de transporte na Suíça

Post Autos chegam a pequenos vilarejos, coordenados com horários de trens. Aqui, em Lauterbrunnenn (Foto: Marlyana Tavares)

Apesar de contar com esta rede de trens superestruturada e eficiente, o sistema de transporte na Suíça por ônibus é bastante usado. Quem quer ir de um estado a outro do país, segundo minha amiga que mora na Suíça, Valéria Küng Bittencourt, geralmente vai de trem até a cidade de fronteira. Dali, aí sim, pega um ônibus interestadual para levar ao destino final.

Toda cidade que tem número de CEP (Código de Endereçamento Postal) tem conexão com ônibus. Muitas vezes, nos lugarejos bem afastados como nas montanhas, é um ônibus dos correios que faz esse trajeto. São os Post Autos. São amarelos, a cor dos Correios na Suíça. Eu peguei um ônibus destes durante minha viagem, numa espécie de conexão na montanha, no trajeto para Jungfrau.

Dentro das cidades, os bilhetes de ônibus e trans (bondes elétricos) são vendidos nos pontos de parada, em uma máquina automática: é preciso digitar onde está e para onde quer ir.

Uma dica da Valéria é que de ônibus ou de trem, você sabendo que vai muito para um só lugar (dentro de um cantão), pode comprar 5 passagens em um só bilhete e ganhar uma passagem de graça. Sai mais barato.

Tem que prestar atenção num detalhe: antes de entrar no ônibus ou no trem, é preciso carimbar o dia e a hora que está viajando. Se entrar um fiscal dentro do ônibus e você não tiver esse carimbo, vai pagar uma multa pode ser a partir de 40 francos (cerca de R$ 120).

Quando estive por lá, não foram raras as vezes em que os fiscais passaram pedindo o bilhete do trem para perfurá-los. Se você não estiver com esse bilhete, paga multa.

Aluguel de veículos

E, claro, o viajante pode optar por dirigir na Suíça, desde que tenha carteira internacional de habilitação. O sistema de rodovias do país é excelente, com sinalização fácil. As estradas principais são sinalizadas em azul; as expressas em verde e as regiões históricas em marrom. Estradas de montanhas podem fechar durante o inverno, mas sempre haverá uma sinalização nesse sentido.

Se a ideia for alugar um carro , a maioria das locadoras tem quiosques nos aeroportos e permite a entrega dos veículos em outro país próximo, como Itália, França ou Alemanha.

*Viagem feita a convite do Switzerland Tourism, com apoio da companhia aérea Swiss

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