Patricia Lamounier – Sou suspeita para falar sobre Diamantina  e o turismo em Diamantina! Tenho amigos queridos, aliás, família de coração nesta cidade tão gostosa de Chica da Silva, Juscelino Kubitacheck e tantos outros personagens não tão famosos, mas que sabem seduzir! Essa é a Diamantina dos meus cantos e encantos!

Diamantina nasceu como Arraial do Tejuco no século XVIII e ficou conhecida nacionalmente pelas descobertas e exploração de pedras preciosas e ouro. Devido à construção de pequenas casas ao longo dos rios e cursos d’água, um conjunto urbano foi crescendo e as primeiras ruas, como a Burgalhau, a Espírito Santo e o Beco das Beatas, surgiram.

Em 1938, o Centro Histórico foi tombado pelo IPHAN.  Em 1999, a cidade recebeu da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) o título de Patrimônio Cultural da Humanidade por causa do conjunto arquitetônico formado e bem preservado de suas igrejas barrocas, casarios coloniais e as ruas com calçamentos de pedra iluminadas por lampiões.

Mas Diamantina não é só isso. Ao redor encontram-se parques com cachoeiras exuberantes. As festas tradicionais e eventos culturais são famosos. A Serra do Espinhaço, com sua paisagem maravilhosa, arranca suspiros daqueles que chegam ou vão. Assim também o Caminho dos Escravos, a Estrada Real… As serestas, a Vesperata, os bares e os becos. Essa é a Diamantina dos meus cantos e encantos!

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Andar pelos becos de Diamantina é conhecer a sua história!

COMO CHEGAR

Chegar a Diamantina, localizada a cerca de 300km de Belo Horizonte, demora de 4 a 5h e não tem mistério. Veja como:

CARRO

É o meio de transporte mais usado, inclusive para percorrer a cidade e conhecer os arredores – pequenas vilas, cachoeiras e parques.

Google Mapa: Como chegar a Diamantina / Satélite

Como chegar a Diamantina (Google Maps)

Saindo de Belo Horizonte o trajeto mais usado é pela BR-040, que segue para Sete Lagoas. Logo depois do “Leite ao Pé da Vaca”, entre na BR-135, sentido Curvelo, e depois BR-259. Outra opção é entrar por Cordisburgo, na BR-040 , logo depois da Oca do Milho, e seguir até Curvelo. De Curvelo em diante, o caminho é o mesmo.

Para aqueles que decidem visitar as cidades do Serro, São Gonçalo do Rio das Pedras, Váu e Milho Verde ir pela MG- 238, Sete Lagoas, é a melhor opção. Entretanto, este trajeto é o mais longo.

Usar a MG-010 até a BR- 029 é outro caminho, especialmente se quiser passar pela Serra do Cipó. Alguns trechos estão muito ruins. Mas a paisagem é excepcional!

São 862 km para os visitantes que vem de São Paulo. O melhor percurso é mesmo pela Rodovia Fernão Dias, BR-381 até Belo Horizonte. De BH, siga pela BR-040 e BR-135 até Curvelo. Depois a BR- 259 e logo em seguida, BR- 367 até Diamantina.

Para aqueles que vêm pelo Rio de Janeiro, percorrendo um trajeto de 730 km, o melhor é pela BR-040, até BH. De BH o roteiro é o mesmo. BR- 135 até Curvelo, depois a BR-259 e a BR- 367 com acesso para Diamantina.

Para quem vem por Brasília são 724 km, em uma viagem de quase 10h, e quem vem por Salvador são 1110 km numa viagem de 17h.

ÔNIBUS

A Viação Pássaro Verde e a Viação Gontijo fazem este percurso, com duração mínima de 6h. Os ônibus saem da Rodoviária de BH e vão até a Rodoviária de Diamantina, no Largo Dom João.

AVIÃO

Um pequeno aeroporto em Diamantina (DTI) recebe voos domésticos. Estes voos, com duração média de 40 minutos, saem do Aeroporto da Pampulha, em BH. Diamantina é uma das cidades de Minas que integram o  “Projeto Voe Minas Gerais”, projeto de Integração Regional – Modal Aéreo, que promove o desenvolvimento econômico regionalizado.

O aeroporto mais próximo de Diamantina que recebe voos nacionais e internacionais é o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte–Confins (CNF). Os turistas que chegam por ele, normalmente alugam carro, ou viajam de van fretada ou ônibus. São várias as locadoras de veículos no Aeroporto de Confins. Só não esqueça de fazer a reserva do carro com antecedência!

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QUANDO IR

Diamantina é sempre felicidade e portanto não existe melhor época para ir. É claro que há períodos de chuva, de inverno gelado e épocas em que a cidade está movimentadíssima, lotada, devido aos eventos que acontecem ao longo do ano!!!

Entre os meses de abril a outubro quase não chove na região. O clima é seco e perfeito para caminhar pela cidade, visitar outras cidadezinhas e parques. Devido à estiagem, o fluxo de água nas cachoeiras diminui bastante.

O inverno costuma ser bem frio. Durante o dia a temperatura é agradável com céu azul de brigadeiro, mas à noite é necessário um bom casaco e quem sabe um gorro e um cachecol… Melhor prevenir!

O verão, entre os meses de novembro a março pode ser chuvoso, apesar da temperatura elevada.

EVENTOS IMPORTANTES

O Carnaval já esteve entre os 10 melhores do Brasil, com shows da Bat-Caverna, Bartucada e outros artistas no Mercado Velho. Blocos como Sapo Seco, Zé do Caixão e Balão Mágico desfilando pelas ladeiras da cidade fazem a folia de centenas de locais e turistas. Programação do carnaval 2018.

As pousadas e repúblicas sempre lotadas e a rapaziada fazendo seu ponto de encontro na Baiúca (Rua da Quitanda) ou nos becos da cidade são tradição! Porém, devido à crise e mudanças na política, é melhor verificar a programação carnavalesca da cidade antes de viajar para lá!

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Bloco da Bat-Caverna, um dos mais populares de Diamantina (Divulgação)

A Semana Santa é muito popular e rica em simbologia e ornamentação. A tradição das belas procissões ainda é mantida por toda a cidade bem como as encenações da vida de Jesus Cristo.

A festa do Divino Espírito Santo também faz parte do calendário. Participantes trajando riquíssimas indumentárias e chamativos estandartes circulam pelas ruas de Diamantina. A programação é intensa na Igreja de Nossa Senhora do Amparo.

Um dos eventos culturais que mais leva turistas a Diamantina é a Vesperata. Este espetáculo musical acontece nas noites de sábado em datas pré-definidas, entre os meses de abril a outubro. Nesta ocasião, as sacadas dos sobrados ficam enfeitadas por tapetes arraiolos e jovens músicos que tocam valsas, boleros, sambas… O maestro rege num palco disposto na rua. Lindo de se ver e de participar!!!

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Noite de Vesperata em Diamantina: da rua, o maestro rege os músicos nas sacadas (Sectur Diamantina/ Zeleo)

Nos finais de semana de Vesperata, eventos musicais acontecem na cidade a partir de sexta à noite até domingo pela manhã.

Se não fizer reserva em uma pousada ou hotel com antecedência, será complicado conseguir um pouso em cima da hora! O mesmo vale para a reserva de uma mesa no local da Vesperata (Rua da Quitanda)!

Veja a matéria: Vesperata em Diamantina: um final de semana de muitas atividades!

ONDE FICAR

Pousadas, hotéis e hostels estão por toda Diamantina, apesar de o número de leitos ser pequeno para abrigar o fluxo de turistas em determinadas épocas. A maior parte das atrações turísticas, bares e restaurantes está no Centro Histórico. Quanto mais próximo estiver dele, melhor!

Pousadas como Relíquias do Tempo, Pouso da Chica, do Garimpo e Vila do Imperador estão bem localizadas e a “uma pernada” de tudo. São pousadas diferenciadas pelo charme, conforto e encantamento.

As pousadas Vale do Garimpeiro, Jardim do Vale, Ouro de Minas e Caminho dos Escravos também ficam no Centro Histórico. São mais simples porém de ótimo custo X benefício.

O QUE FAZER & VISITAR 

Passear por Diamantina é imergir na história. A cidade presenteia o turista com um roteiro interessante, traçando uma linha no tempo desde os primórdios de sua fundação até os dias atuais. Sua arquitetura tem contribuições dos escravos, dos portugueses, dos viajantes também dos modernistas.

Muitas das atrações encontram-se no Centro Histórico, que pode ser percorrido e visto a pé, sem grande esforço. O que precisa mesmo é de um tênis ou um bom sapato baixo, de preferência muito confortável e com sola de borracha.

A história de antiga Vila do Tejuco nos museus

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Museu do Diamante (Patricia Lamounier)

Começamos pelo Museu do Diamante. Este pequeno museu é um espaço de informação que ajuda a o turista a compreender o crescimento e o enriquecimento da cidade “dos diamantes e do ouro”. Ali encontramos indumentárias de época, armarias, instrumentos utilizados no processo de mineração e um pequeno acervo de mineralogia. Está localizado na Rua Direita, pertinho da Catedral Metropolitana, da Casa do Forro Pintado (Casa do Intendente Câmara) e da atual Prefeitura.

A Casa da Glória, antigo colégio interno tem 2 edificações construídas em épocas diferentes. A mais antiga foi erguida no século XVIII, em pleno Brasil Colônia e a outra, no século XIX. Os 2 sobrados estão ligados por um passadiço, ícone da arquitetura local e cartão postal da cidade. Hoje funciona o Instituto Casa da Glória, onde a história da mineração é contada.

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Passadiço da Glória: construído para resguardar as alunas dos olhares da pessoas que passavam pela rua (Patricia Lamounier)

A Casa de Chica da Silva, escrava que ganhou fama no período colonial mineiro está localizada na Praça Lobo de Mesquita. Hoje a casa é sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e referência para compreender a relação da escravidão com a cidade e com os diamantes.

A casa onde Juscelino Kubistcheck passou sua infância está localizada a Rua São Francisco 241, bem perto da Igreja de São Francisco. Por meio de objetos pessoais, a casa/museu, com título de utilidade pública, mostra como foi o início humilde da vida de JK  até se tornar presidente da nação.

Principais igrejas  

Três igrejas em Diamantina se destacam pelas fachadas e o belíssimo interior: Igreja de São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora do Carmo e Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

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Igreja de São Francisco de Assis: representante do estilo rococó, Diamantina (Patricia Lamounier)

A Igreja Nossa Senhora do Carmo, do século XVIII tem sua torre construída na parte de trás da igreja. Uma inovação para a época. Reconhecidos escultores e pintores da região são os responsáveis pela magnífica ornamentação desta igreja.

Nas noites de sextas-feiras acontece, sempre em datas pré-definidas, o famoso concerto ao som do órgão histórico Almeida e Silva/Lobo Mesquita, construído entre 1782 e 1787 . O concerto é muito similar ao que acontece aos domingos na cidade de Mariana. Os ingressos podem ser adquiridos na agência de turismo Minhas Gerais. www.minhasgerais.com

Outras igrejas que também merecem destaque: Igreja de Nosso Senhor do Bonfim dos Militares, Igreja Nossa Senhora das Mercês, Capela Imperial de Nossa Senhora do Amparo e Capela Nossa Senhora da Luz.

Construções projetadas por Niemeyer

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Hotel Tijuco: um dos projetos de Oscar Niemeyer em Diamantina (Patricia Lamounier)

Oscar Niemeyer, expoente da arquitetura moderna, foi contratado por Juscelino Kubistchek, então governador de Minas Gerais, para projetar 4 edificações para Diamantina: Diamantina Tênis Clube (1950), Hotel Tijuco (1951), Escola Estadual Professora Júlia Kubistcheck (1951), cedido para a Universidade Federal dos Vale do Jequitinhonha e do Mucuri, e a Estação do Aeroporto de Diamantina (1954). Esta última é listada no site da Fundação Niemeyer, só que em Diamantina, ninguém conhece a Estação Aeroporto!

Todas estas construções estão próximas ao Centro Histórico. O hotel e a faculdade ainda estão em razoável estado de conservação, mas o Diamantina Tênis Clube dá pena de ver!  Verdadeiro descaso!

Outros pontos de destaque em Diamantina

Casa do Muxarabi (ou Muxarabiê)

De influência árabe e trazida pelos portugueses, o Muxarabiê marca algumas das casas coloniais no Brasil. Trata-se de um balcão, protegido por uma treliça de madeira. Este estilo além de assegurar sombra e ventilação no interior da casa, permitia que quem estivesse dentro da moradia pudesse olhar para o exterior sem ser notado.

Esta casa, da segunda metade do século XVIII, é hoje a biblioteca Antônio Torres. Está localizada á Rua da Quitanda 48.

Mercado Velho ou Mercado dos Tropeiros

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Mercado Velho: antigo galpão de arcadas rústicas construído no rancho dos tropeiros  (Patricia Lamounier)

Também cartão postal da cidade de Diamantina, o Mercado Velho, construído no século XIX foi ponto de encontro para desenvolver o comércio de produtos na cidade. Funcionava como para troca, de venda e descarregamento de mercadorias.

Ainda hoje, aos sábados pela manhã, acontece à feira da cidade. Ali são vendidas comidas, produtos típicos da região e artesanato. Sempre um conjunto musical toca ali. À noite o espaço se transforma. O artesanato e produtos locais dão espaço á gastronomia com a venda de pratos típicos, cachaça da região e mais música ao vivo!

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Mercado Velho e a feira de sábado (Arquivo Pessoal)