Anne Reinesch – A decisão de morar fora do Brasil por 1 ano partiu de uma vontade antiga. Era uma ideia que me acompanhava desde os tempos de estudante e foi amadurecendo. Parecia que não iria vingar, mas acabou se tornando meu ano sabático no Canadá. Só consegui organizar tudo quando, copiando uma amiga, mudei-me com minha filha de 10 anos, sem o meu marido, para Vancouver.

Mas, pode sem marido? Pode!!! Ele foi nos visitar umas 4 vezes no período (que no final se tornou 15 meses) em que estávamos fora e eu vivi feliz com minha filha. Uma experiência rica e maravilhosa para nós duas! O nosso ano sabático no Canadá.

Porque escolhi Vancouver?

Vancouver foi escolhida para o ano sabático no Canadá por ser uma cidade de língua inglesa e por eu ter uma amiga morando lá há mais de 10 anos. Ela também optou por viver essa experiência com seu filho, logo que se separou do marido, e acabou se casando com um canadense.

Recebi dela todas as dicas de como proceder com a minha filha, informações sobre o sistema de educação, escola, costumes locais. Isso além de dicas de restaurantes, supermercados, quais produtos de limpeza comprar, lojas, marcas, lugares para se visitar, programas de lazer e uma lista sem fim de dúvidas…

Além desses dois fatores, Vancouver é uma cidade linda, apaixonante, cheia de encantos, e que recebe muito bem os imigrantes. Oferece muitas opções de diversão a custo zero ou baixíssimo.

O planejamento

O planejamento da viagem foi super tranquilo. Pela internet encontrei a empresa Canada Intercambio   https://www.canadaintercambio.com . A empresa possui escritórios no Brasil, inclusive em BH e também em Toronto e Vancouver. A Canada Intercambio me deu todo o suporte sobre a documentação exigida, encontrou uma escola para minha filha e uma escola de inglês para mim e providenciou o aluguel de uma casa. Recebi todo o apoio aqui em BH antes de partir e em Vancouver durante toda a minha estadia. Uma mão na roda!

Voltar a ser estudante no meu ano sabático no Canadá foi delicioso. Depois de fazer um curso de inglês durante 3 meses, me senti apta para fazer um curso numa escola canadense especialista na área de moda chamada Blanche Macdonald Centre. Escolhi um curso de 6 meses de International Fashion Marketing e cumpri um outro desejo que eu vinha cultivando: começar uma nova carreira na área de moda.

Minha filha estudou em uma escola pública e levou uma vida normal totalmente canadense. Chegou sem mal falar inglês e saiu me dando aula.

Veja a galeria de fotos abaixo

As dificuldades

É claro que nem tudo foi um mar de rosas… No início passei grandes apertos, pois a maioria dos problemas (telefone, internet, TV, etc) se resolve por telefone. Então o que é considerado uma facilidade para eles era um enorme sofrimento para mim.

Falar por telefone, sem contar com gestos de “uga uga” era um desafio. Eu me preparava, pensava em tudo que queria e como deveria falar, ligava e soltava aquela falação. Mas daí vinha uma resposta do outro lado e muitas vezes algumas perguntas e… e agora… será que eu entendi direito…Sorry I didn’t understand, could you repeat please?

Também sofri um pequeno acidente doméstico: caí na escada da minha casa. Foi terrível, simplesmente escorreguei cheia de sacolas de compras de supermercado, saí rolando, batendo na parede e fui parar no pé da escada.

A gente escorrega fácil dentro de casa, pois os canadenses não entram em casa de sapatos, tiramos os calçados na porta e ficamos de meia (muito higiênico e prático, porém precisa de anti-derrapante).

Era noite. Ao parar, eu ainda estatelada no chão, caí aos prantos por mais de meia hora e minha filha só me observando do alto da escada.

Pensei: porque eu vim parar aqui nessa terra sozinha com minha filha, porque eu estou aqui? Depois, quando me acalmei, levantei e fui para o meu quarto bem devagar e daí tive que consolar minha filha que, muito assustada chorou por mais de 1 hora.

No dia seguinte, calcei um tênis quase sem amarrar e, após deixar minha filha na escola, fui para o hospital. Descobri que tinha quebrado o dedinho do pé, além de ganhar algumas manchas roxas por toda a perna. A solução era imobilizar o dedinho com um adesivo, tomar remédio para dor e esperar.

No meu caso esperei por 1 mês e meio para que tudo voltasse ao  normal. Durante esse período andei mancando para cima e para baixo. Tinha que sair 10 minutos mais cedo de casa para me deslocar até a escola, pois só conseguia andar bem lentamente.

Simplesmente viva

Morar fora exige desprendimento, uma pitada de coragem e mente aberta para aceitar o diferente. A dica é: nunca compare e não reclame. Simplesmente aproveite e viva intensamente tudo que o novo lhe proporciona.

E a saudade? Sim a saudade existe, mas a gente resolve com tecnologia – whatsapp, Skype, facetime, e-mail e tudo mais gratuito que aparecer na nossa frente.

Bom, talvez a palavra certa não seja “resolve” mas certamente a tecnologia atual ameniza muito e diminui a distância.Pensa bem, você não tem um ou mais amigos que te procuram mais nas redes sociais do que nas sua casa? Pois é, quando você está fora seus amigos te procuram muito mais. É incrível!

Então é isso: quem tem esse objetivo de morar fora do país como eu, corra, arrume as malas e se joga. Garanto que será uma experiência rica, muito positiva e simplesmente inesquecível!

Anne Yvonne Reinesch aprendeu a viajar com os pais. Viaja pelo mundo desde que se entende por gente. É mineira, filha de europeus, 51 anos, casada com 1 filha de 10 anos. É formada em Engenharia Elétrica pela UFMG. Possui especialização em Tecnologia da Informação.

Anne sempre foi apaixonada pelo mundo fashion. Aos 50 anos, distanciou da informática e começou a fazer cursos de moda no Brasil e no Canadá, onde morou por 15 meses. É especialista em Coaching & Consultoria de Imagem pela escola francesa Ecole Supérieur de Relooking.

​Além do trabalho de consultoria de imagem, possui o blog Bem Comigo onde aborda assuntos relacionados à moda, imagem, bem-estar, estilo, auto-estima e muito mais.