Marlyana Tavares – Como tomar a vacina de febre amarela para viajar é um dilema que pode tirar o sono de muita gente. E agora não só para quem vai a um dos 135 destinos internacionais que exigem o Certificado Internacional da Vacina de Febre Amarela (CIVP), mas para aqueles que resolvem passar um simples fim de semana na cachoeira ou no sítio numa área rural, tentando fugir do calor. Em documento de 140 páginas Ministério da Saúde lista municípios com recomendação de vacina, sem recomendação, e recomendação parcial de vacina. Veja ainda neste post lista dos 135 países que exigem o CIVP.
Quando dos números das estatísticas salta um nome conhecido, todo mundo fica mais sensível ao problema. Como foi o caso da morte do presidente da TV Minas e da Rádio Inconfidência, Flavio Henrique Alves de Oliveira, no dia 17 de fevereiro, infectado provavelmente quando descansava em seu sítio, em Casa Branca, Brumadinho, na Região Metropolitana de BH. Ele não era vacinado, segundo nota da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Porém, a todo momento é contada uma história.
A prevenção é o melhor remédio contra a febre amarela e a vacina garante imunidade em 95% a 99% dos vacinados, desde 1937. No entanto, muita gente ainda não se vacinou. Em Minas Gerais, 3,6 milhões de pessoas ainda não são imunizadas contra a febre amarela em Minas Gerais, especialmente homens entre 35 e 51 anos, exatamente a faixa etária mais afetada.
Como ter acesso à vacina de febre amarela
Para quem vai circular pelo Brasil (os estados de São Paulo, Bahia e Rio são os mais preocupantes, mas pelo que se vê, Minas Gerais também não está moleza não) é só ir a um dos postos de saúde. E ter paciência, porque as filas não são pequenas.
A vacina de febre amarela está no Calendário Nacional de Vacinação e é ofertada de rotina. Mas com o recrudescimento de casos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, o Ministério da Saúde começa amanhã, quinta-feira, dia 25, uma campanha de fracionamento das doses da vacina nos dois primeiros. Na Bahia, a campanha ficará entre 19 de fevereiro e 9 de março.
A boa notícia para os viajantes mineiros é que no Estado, só são usadas doses padrão da vacina, como informou a Secretaria de Estado da Saúde ao De Saias pelo Mundo.
Balanço
As doses estão sendo ofertadas normalmente pelos postos de saúde e os municípios afetados por casos e mortes acabam de ter recursos extras aprovados pelo Ministério da Saúde. No período de investigação que vai de julho de 2017 a junho de 2018, segundo boletim epidemiológico liberado no último dia 23/01 pela Secretaria de Estado da Saúde, são 47 casos confirmados, com 25 mortes, e 99 ocorrências em investigação.
Os municípios afetados são Poço Fundo, Piranga, Belo Horizonte, Brumadinho, Caeté, Itabirito, Mariana, Mateus Leme, Nova Lima, Rio Acima, Sabará, Santa Luzia, Carmo da Mata, Barão de Cocais, Rio Piracicaba, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo, Goianá, Mar de Espanha, Barra Longa, Porto Firme, Viçosa.
Para ver a atualização do número de casos, óbitos e quantos foram curados, acompanhe a página da Secretaria de Estado da Saúde.
No Brasil, no mesmo período, de acordo com o Ministério da Saúde, são 130 casos confirmados de febre amarela, com 53 mortes e 601 ocorrências sob investigação. Deve se vacinar quem vai aos municípios brasileiros que estão na lista contida neste documento. Ou seja, estas cidades, em todo o Brasil, estão sob atenção.
Dose fracionada e dose padrão
De acordo com estudos feitos pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz), a diferença no volume e tempo de proteção: enquanto a dose padrão tem 0,5 mL e protege por toda a vida, a fracionada tem 0,1mL e imuniza por, no mínimo, 8 anos. A vacina de febre amarela confere de 95% a 99% e é considerada uma das mais seguras do mundo.
Nem todo mundo pode receber a dose fracionada, como crianças de nove meses a menores de dois anos; pessoas com condições clínicas especiais (vivendo com HIV/Aids, ao final do tratamento de quimioterapia e pacientes com doenças hematológicas, entre outras) e gestantes. No ato da vacinação, os viajantes devem apresentar o comprovante da viagem para que possam receber a dose padrão da vacina.
Detalhe: segundo o Ministério da Saúde, a eficácia da dose fracionada ainda está na verdade sob estudo. Porém, ao que tudo indica, é a saída encontrada, com o aval da Organização Mundial de Saúde, para garantir a cobertura vacinal de mais gente no menor tempo possível para evitar o surto do primeiro semestre de 2017.
Transmissão e sintomas
As pessoas geralmente são infectadas quando entram em contato com mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, no ambiente silvestre, em matas, cachoeiras, etc. São pessoas que nunca foram vacinadas. Os mosquitos se infectam ao morder um macaco doente. Ao ser mordida por um mosquito que carrega o vírus, a pessoa se torna fonte de infecção para o Aedes aegypti, no meio urbano. Daí a importância maior ainda de fazer o controle ambiental, em nossas casas, para não deixar esse mosquito se alastrar. A febre amarela não é transmitida de uma pessoa a outra.
Os sintomas da febre amarela são inicialmente fracos e as primeiras manifestações parecem surgir do nada. Por três dias, o doente sente cansaço, calafrios, dor de cabeça, náuseas e vômitos, podendo evoluir para insuficiência hepática e renal, icterícia, manifestações hemorrágicas e cansaço intenso.
Em Minas Gerais, segundo Informe Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde, do total de casos confirmados, 95,5% são de homens e 4,5% mulheres – nenhum deles foi vacinado. A letalidade da febre amarela no Estado no período de 2017/2018 é de aproximadamente 68,2%: mais da metade das pessoas que adquiriram a doença morreram.
A medida mais importante para prevenção e controle da febre amarela é a vacinação. Em Minas, a cobertura vacinal está em 82%, segundo a secretaria. Existem 3.532.836 de pessoas que ainda não foram vacinadas, principalmente entre 15 e 59 anos. Foi esta a faixa etária que mais sofreu com a epidemia de febre amarela silvestre de 2017.
Quem deve ser vacinado (orientações)
A partir dos nove meses até as pessoas com 59 anos de idade
A partir dos 9 meses NÃO VACINADO: Uma dose.
Gestantes NÃO VACINADAS: Deverá ser vacinada somente se for se deslocar para área com transmissão ativa da doença.
Mulheres amamentando crianças menores de 6 meses NÃO VACINADAS: deverá ser vacinada somente se for se deslocar para área com transmissão ativa da doença. Suspender o aleitamento materno por 10 dias após a vacinação.
Pessoas acima de 60 anos NÃO VACINADAS: Deverá ser vacinada somente se for se deslocar para área com transmissão ativa da doença. É fundamental que o serviço de saúde faça a avaliação, verificando se a pessoa não se enquadra nas contraindicações antes de administrar a vacina.
Viajantes para áreas com vigência de surto no país ou para países que exigem o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia NÃO VACINADOS.
Fonte: Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde
A vacina de febre amarela e o CIVP
Para viajantes internacionais e nacionais, a vacina tem que ser tomada no mínimo 10 dias antes da viagem, período em que a pessoa é considerada imunizada. Depois que a pessoa é vacinada lhe é fornecido o Cartão Nacional de Vacinação, que ela deve colocar na carteira e andar com ele como um documento.
Se a viagem for para dentro do Brasil, a dose fracionada ou atenuada é suficiente. Porém, para viajantes internacionais é preciso ir a um dos postos da Anvisa para, apresentando o Cartão Nacional de Vacinação, obter o Certificado Internacional de Vacinação de Febre Amarela, o CIVP. E ATENÇÃO: somente a dose padrão é aceita pela Anvisa para emissão do CIVP.
A boa notícia para os viajantes mineiros é que no Estado, só são usadas doses padrão da vacina, como informou a Secretaria de Estado da Saúde ao De Saias pelo Mundo.
O CIVP ( Certificado Internacional da Vacina de Febre Amarela) é exigido em 135 países ao redor do mundo. Os últimos países a exigir o certificado dos brasileiros, desde o início de 2017, foram Panamá, Cuba, Nicarágua, Equador, Cuba, Costa Rica e Venezuela.
Quem viaja aos Estados Unidos (país que não exige a vacina), mas faz escala no Panamá, precisa ter consigo o documento CIVP. O Panamá exige o documento.
Isso aconteceu comigo e com minha companheira de blog, a Patrícia Lamounier, no ano passado. Eu tinha me vacinado de febre amarela lááááá em 26/03/1999, para uma viagem ao México, e em 2017, precisei atualizar o meu documento para ir aos Estados Unidos, voando pela Copa Airlines, com escala no Panamá. Não foi necessário vacinar novamente, apenas trocar o documento. Ao procurá-lo para fotografar pra este post, percebi que ele havia sumido. Ou seja, terei que tirar uma segunda via.
A Patrícia precisou fazer o mesmo para entrar em Cuba e, previdente, grampeou o documento dela ao passaporte. Fizemos tudo no Centro de Atenção à Saúde do Viajante, localizado à Rua Paraíba, 890, bairro Savassi (telefone: 31 3246-5026). O CIVP também pode ser emitido no Aeroporto de Confins (31-3689-2009/0800-642-9782)
Lista dos países que exigem o CIVP
*Afeganistão/África do Sul/Albânia/Antígua e Barbuda/Angola/Anguilla/Antilhas Holandesas/Arábia Saudita/Argélia/Austrália
*Bahamas/Bangladesh/Bahrain/Barbados/Belize/Benin/Bolívia/Botsuana/Brunei/Burkina Fasso/Burundi/Butão
*Cabo Verde/Camboja/Camarões/Cazaquistão/Cingapura/Chade/China/Colômbia/Congo/Coreia do Sul/Costa Rica/Costa do Marfim/Cuba
*Djibouti/Dominica/Egito/Equador/Eritreia/El Salvador/Etiópia
*Fiji/Filipinas/Gabão/Gâmbia/Gana/Guiné Equatorial/Granada/Guadalupe/Guatemala/Guiana Francesa/Guiné/Guiné-Bissau
*Haiti/Honduras
*Iêmen/Ilhas Maurício/Ilhas Reunião/Ilhas Salomão/Ilhas Seychelles/Índia/Indonésia/Irã/Iraque
*Jamaica/Jordânia
*Kiribati
*Laos/Lesoto/Líbano/Libéria/Líbia
*Madagáscar/Malaui/Malásia/Maldivas/Mali/Malta/Martinica/Mauritânia/México/Mianmar/Moçambique/Montserrat
*Namíbia/Nauru/Nepal/Nova Caledônia/Nicarágua/Níger/Nigéria
*Omã
*Panamá/Papua-Nova Guiné/Paquistão/Paraguai
*Quênia/Quirguistão
*República Centro-Africana/República Democrática do Congo/Ruanda
*São Cristóvão e Nevis/São Vicente e Granadinas/Saint-Barth/Saint Helena/Saint Martin/Samoa/Santa Lúcia/São Tomé e Príncipe/Senegal/Serra Leoa/Somália/Sri Lanka/Sudão/Suazilândia/Suriname
*Tailândia/Tanzânia/Timor Leste/Togo/Trinidad e Tobago/Tunísia
*Uganda
*Venezuela/Vietnã
*Zâmbia/Zimbábue
Fonte: Anvisa
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