Construídas  há mais de 2500 anos, as pirâmides definitivamente são cercadas de mistérios e sempre despertaram muito interesse. Quais segredos guardam? Como puderam existir por tantos séculos? Como seria aquela época?

 O antigo Egito era politeísta. Havia sempre uma enorme preocupação em preservar e conservar o corpo e seus pertences. Os egípcios acreditavam na vida após a morte. E quem possuía condições financeiras para preservar o corpo, utilizando o processo de mumificação, era somente os faraós. As pirâmides tinham a função abrigar e proteger estes mandatários mumificados e seus pertences.

As pirâmides precisavam ser de difícil acesso (para não ser saqueadas) e bem protegidas. Sob pena de morte, todos  os que tinham trabalhado em sua construção deviam manter segredo sobre sua localização, armadilhas e falsos acessos criados para afastar curiosos e saqueadores. Maior a pirâmide, maior era o poder político e econômico do faraó. 

Foi neste contexto que Silvania Capanema escreveu sua história!

 Ao Egito, sozinha, com a cara e a coragem

Silvania Capanema – Há mais de três mil anos, Tutankhamon e Ankhesenamon, o casal real herdeiro de uma das mais poderosas dinastias do mundo, navegavam pelo Rio Nilo, no Egito, para visitar os templos construídos por seus antepassados. Por estar escrevendo um livro sobre a história da descoberta da tumba deste jovem faraó, o achado arqueológico mais precioso do mundo, e sobre a incrível história da glória e decadência de sua família, senti que não poderia terminá-lo, enquanto não fosse ao Egito.

Temos diferentes motivações para viajar. Às vezes, a vontade de fazer certa viagem, por algum motivo muito sonhada, cresce tanto dentro da gente, que começamos a fazer planos, a pesquisar roteiro, a organizar nossas finanças e, o mais importante, a pensar na companhia de quem iremos realizá-la. E quando não conseguimos companhia e temos que adiar e tornar a adiar a viagem? É muito mas muito frustrante!

Durante anos, tive o sonho bobo de que certos lugares do mundo eram românticos e que só poderiam ser visitados com o amor da minha vida e, naquele momento, não havia nenhuma perspectiva de amor algum! Ou o sonho de que outros lugares eram perigosos. E assim fui ficando… frustrada… sozinha… sem viajar! Pior, com inveja dos que viajavam. Nossa, que feio!

Não consegui ninguém para ir ao Egito comigo. Minha família, mãe e filhos quiseram me proibir de viajar sozinha porque seria perigoso. Pois bem, afirmei que viajaria em grupo. Não era de todo mentira. Qualquer lugar turístico que se vá, sempre há grupos e eu poderia me juntar a eles!

Lá fui eu, na cara e na coragem! Houve momentos que poderia ter me sentido insegura, mas estava decidida a enfrentar e seguir em frente.

 

Moça loira montada num camelo e um arabe segurando o camelo. As piramides do egito estão ao fundo.

Silvania, feliz da vida, visitando as pirâmides no Egito, em cima de um camelo (Foto: Arquivo pessoal)

Surpresa depois do show

Conto aqui somente um episódio: comprei um ingresso para o show de luzes e som, nas pirâmides que estão localizadas em Gizé, periferia do Cairo. Um rapaz me buscou no hotel. Private tour: eu, ele e a van! Eu não sabia que começava ali uma aventura.

 

piramides iluminadas de cores diferentes, que traduz um show de imagem e som no egito

Show de luz e som nas pirâmides do Egito

Espetáculo emocionante

O show de luzes e som conta a história do Egito, dos seus governantes e monumentos em um espetáculo memorável e emocionante. Começa com a história da Esfinge, a guardiã da cidade dos mortos há 5000 anos, passando pela história da construção das pirâmides e das figuras famosas, como Thutmosis IV, Akhnaton, Nefertari e Tutankhamun. Uma fantástica combinação de efeitos visuais e sonoros em um lugar único. Imperdível! 

Para quem deseja saber, os pacotes e programas turísticos no Egito não incluem taxas de entrada de sítios arqueológicos especiais, como visitar dentro das pirâmides, visitar o quarto Múmias no Museu Egípcio, localizado no Cairo (US$ 25), visitar o Museu onde se encontra o Barco Solar na área das pirâmides (US$ 6) ou para entrar no túmulo de Tutankhamon no Vale dos Reis, na cidade de Luxor (US$ 25). 

Por volta das onze da noite, o show acabou. Hora de retornar ao hotel! Na volta, acabou a gasolina da van. Os postos estavam em greve há três dias. Ficamos na rua, debaixo de uma chuva fina, tentando conseguir um táxi. Passada mais meia-hora, a rua foi ficando mais deserta e nada! Na agência de turismo, ninguém atendia. Quase meia-noite. No Cairo, não tem rádio-táxi, nem nada parecido!

Eu estava tiritando de frio. Fomos a um bar sujo, escuro e só homens por lá para que eu pudesse tomar um café quente. Fui muito bem atendida. Claro, loura, bonita, imagina! Tornei-me a atração do lugar! O guia conhecia o dono do bar. Ele nos arranjou uma carona até a casa dele, a meio caminho da área hoteleira.

De lá, entrei em seu carro particular. Velhíssimo, diga-se de passagem! Nunca respirei tanta poeira. E lá fomos nós rumo ao hotel.

Fiquei com medo? Não, nenhum! O guia havia namorado uma brasileira quando solteiro, nos anos 90. Conhecia o Rio de Janeiro e era apaixonado pela nossa MPB. Passamos duas horas conversando em inglês e cantarolando músicas brasileiras!

Moral da estória

Tente criar empatia com as pessoas, sempre impondo o devido respeito.  Porque, assim, irão cuidar bem de você durante a viagem. No final, não faltaram memórias para serem contadas!

Moça ocidental com tirando fotp com 4 moças no pais egito. As moças estão com a cabeça coberta pelo véu mulçumano.

Silvania com egípcias (Foto: Arquivo pessoal de Silvania)

Silvania Capanema trabalhou como engenheira e arquiteta por 25 anos. Então, decidiu abraçar a hotelaria e o turismo. Entre 2007 e 2011 foi presidente da ABIH – MG (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Seção Minas Gerais). Mãe zelosa, empresária, professora de culinária e muito divertida, recentemente Silvania enveredou pelo ramo literário. Lançou em abril seu primeiro livro: “Tutankamon: a maldição do anel”.