Patricia Lamounier (texto & fotos) – Minha amiga Miki e eu fizemos a viagem de San Pedro do Atacama ao Salar de Uyuni num 4×4. O tour teve duração de 4 dias e 3 noites. Partimos de San Pedro do Atacama retornando no 4.º dia para a mesma cidade.
Dos quase 500km feitos num 4×4, 350km foram dentro da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa em trilhas de cascalho e areia e 180km em estrada de asfalto. Estávamos em 7 pessoas (1 motorista faz tudo e 6 turistas de diversas nacionalidades!). Malas e provisões sempre ficam acomodadas na parte de cima do carro.
Para saber mais detalhes sobre esta viagem, leia as matérias: Salar de Uyuni, Bolivia: quando ir e as várias maneiras de chegar, De San Pedro de Atacama ao Salar de Uyuni em um 4×4:o que saber antes de ir
1.º DIA: SAN PEDRO DO ATACAMA – LAGUNA COLORADA
O 1.º de viagem começou cedo, ás 5h da manhã, com a van passando em nosso hostel. Seguimos para as aduanas chilena e boliviana. Elas não ficam longe de San Pedro.
Passamos pela imigração chilena onde tudo foi conferido, passaporte carimbado e PDI entregue (papel de entrada no Chile). Seguimos para a aduana da Bolívia.
A aduana boliviana fica numa casinha no meio do nada e faz um frio do cão! Depois que descobrimos nosso 4X4, nosso motorista e conhecemos os companheiros de viagem, entramos na fila para preencher o formulário e carimbar a entrada na Bolívia. Enquanto isto, o motorista da van chilena preparava nosso café da manhã (café, bolo, pão, manteiga, biscoito, leite, chá, presunto e queijo).
Nosso grupo era formado por múltiplas nacionalidades e a língua falada durante toda a viagem foi o “espanglês”.
Dentro da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa (REA)
Todos legalizados e acomodados no 4×4, partimos em direção ao escritório da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa. Esta seria nossa primeira parada oficial! O valor do ingresso é 150 bolivianos. O ticket deve ser mantido com você durante todo o caminho – ida e volta! A reserva fica numa área desértica e protegida, e mostra ao turista o que existe de mais de mais selvagem com paisagens deslumbrantes.
A 2.ª e 3.ª parada foi perto uma da outra. O 1.º stop foi na Laguna Blanca. Uma lagoa de águas quase prateada com flamingos. Silêncio e paz! Paisagem incrível. Céu azul, temperatura mais amena e 30 minutos depois lá vamos nós para nosso próximo destino: Laguna Verde. Ficamos ali mais 30 minutos, andando e tirando fotos.
Então, seguimos viajando pelas trilhas de areia e cascalho… observando da janela as montanhas com as mais variadas tonalidades de marrom!
O motorista nos avisou que a próxima atração seria no Deserto de Dali! Nome perfeito para uma área montanhosa, lotada de gigantescas pedras vulcânicas (ou estruturas formadas pelas cinzas vulcânicas) de formas surreais. Não tente entender a razão dos nomes de cada formação… É simplesmente “Dali”!
Parada estratégica de 1h para banhos nas termas da Reserva. O problema é o tira roupa-bota roupa…
Seguimos para os gêiseres, conhecidos como “Sol de Manãna”. Outra parada para fotos e esticar as pernas. O vapor dos gêiseres estava alto bem como a temperatura da água – em torno de 100ºC. Lá não existe uma “águinha” que escorre dos gêieses. É “laminha”! Então, tenha cuidado ao passar por elas. São escorregadias e muitas pedras no entorno são soltas. Ah! O cheiro forte de enxofre é normal.
LAGUNA COLORADA
Chegamos a famosa Laguna Colorada e no Refugee Camp, onde pernoitamos. Um lugar simplérrimo, no canto mais isolado do mundo. Venta e faz um frio terrível! E olha que viajamos numa época considerada boa!…
Enfim, fiquei extasiada com a beleza e imensidão da região. As fotos não fazem jus ao lugar. Saímos para caminhar. Subimos a montanha para ver uma lagoa avermelhada com uma enorme quantidade de flamingos. O vento estava de cortar… É tudo simplesmente maravilhoso. Para mim, foi o lugar mais bonito de todo o trajeto!
Esperamos um tempo antes do jantar. Nesta noite, o quarto foi compartilhado com os companheiros de viagem. Esperávamos um frio arretado. Como dormimos vestidos e com várias camadas de cobertores, não houve problema! O gerador parou de funcionar às 22h.
Estávamos a quase 5.000 m de altitude. Uma pessoa do grupo sentiu um pouco de falta de ar, enjoo e dor de cabeça. Tomou um chá para mal de altitude e não teve mais problemas durante a viagem!
2.ºDIA: RESERVA EDUARDO AVAROA – CIDADE DE UYUNI
Quando levantamos ainda estava escuro. O ritual é sempre o mesmo. Arrumar as malas, encher as garrafinhas de água e preparar mochila de mão. Neste dia, tomamos café no hostel. Com as bagagens na parte superior do carro e cada um no seu lugar, lá fomos nós para o 2.º dia!
Nossa 1.ª parada foi no Deserto de Sioli, especificamente na “Árvore de Pedra”. Na verdade, o Deserto de Sioli é um conjunto de rochas devido ao processo de erosão causado pelos ventos!
Banheiros neste deserto inexiste, por isto é “Pachamana”. Este dia foi longo…. Da Árvore de Pedra seguimos para os Vale das Pedras e de lá para um pequeno vilarejo. Ali descemos, esticamos as pernas e almoçamos. Tivemos 45 minutos depois do almoço para andar.
Seguimos viagem pelo asfalto passando por várias plantações e grupos de lhamas. Paramos por 45 min em San Cristóban ( supermercado e banheiros). Aproveitei para tomar um suco de laranja. O vendedor foi muito simpático e o suco, “squeezed” numa máquina super antiga, estava delicioso!
Continuamos viagem até o cemitério de trens. Um enorme terreno com várias locomotivas e vagões abandonados e deteriorados devido ás intempéries do tempo. Me senti no velho oeste com todos aqueles trens enferrujados. … Realmente um cemitério. Os rapazes da excursão acharam interessante. Falaram sobre as bitolas, cabines etc. Eu achei triste, muito triste. Foi nossa última parada antes da cidade de Uyuni.
CIDADE DE UYUNI E O HOSTEL
A cidade de Uyuni, porta de entrada para o salar é feia, pequena e muito simplessss. Havia chovido bastante nos dias anteriores e a cidade estava “meio que” alagada. O motorista nos deu 1h livre. Andamos pelos mercados e ruas da cidade. Até compramos vinho para à noite. Aliás, todos compramos!
Enfim, hora de ir para o hostel de sal. Não era um hostel branquinho de sal como imaginava…era marronzinho! Mas com blocos feitos de pedra de sal. Por fora e por dentro, bem simmmmmplessss! Entretanto, era quentinho e a dona que cuidava do lugar era amável, apesar de não ter me deixado passar na frente para tomar banho!
10 Bolivianos para água quente! Amém! Mas não ouso contar as peripécias do meu banho! Consegui lavar a cabeça, me vestir e secar meu cabelo com um secador portátil de viagem. Me senti revigorada para qualquer outra coisa!
O motorista conversou conosco sobre a logística do dia seguinte. Mesmo com a pequena variação no menu, comemos bem, bebemos e rimos o tempo inteiro. Fomos deitar bem tarde naquela noite … Mesmo sabendo que levantaríamos bem cedo no dia seguinte….
3.º DIA: SALAR DE UYUNI – RESERVA EDUARDO AVAROA
Saímos às 5h30, sem café da manhã e com as bagagens no carro, para ver o nascer do sol no salar. Infelizmente o dia estava muito frio e chuvoso! O salar, com seus 12.000km2 estava alagado e havia ondas. O dia foi clareando aos poucos. Vimos somente um alaranjado no céu. Depois uma chuva fininha começou.
Queríamos ter visto um salar seco e com formações geométricas sobre o sal. Não paramos na Ilha Incahuasi, aquela com uma infinidade de cactos e que você “quase morre” ao subir o morro. Com chuva, frio e vento, sem chances!
Nosso motorista era extremamente responsável e sabia como chegar aos locais sem se perder. Naquele “mar”, era impossível seguir as trilhas deixadas por outros veículos!
Seguimos direto para o primeiro hotel de sal construído na região, o “Playa Blanca”. Ele fica no meio do deserto e já não funciona mais como hotel. Hoje é um pequeno museu com algumas referências sobre o Rally Paris-Dakar! Enquanto nosso motorista preparava a mesa do café da manhã, tiramos fotos, fomos às bandeiras e andamos pelo hotel. Ficamos um bom tempo ali, rindo e conversando. O grupo estava pra lá de entrosado!
Abaixo: fotos do Hotel Playa Blanca
Na volta, paramos no monumento Paris-Dakar e seguimos para outro local bem mais seco para as famosas fotos artísticas ou fotos em perspectiva! Diversão total!!! Fotos em cima do carro, com dinossauros, com panelas e bonés!
RETORNO
Seguimos para uma feirinha de artesanato. Esporadicamente chovia fininho mas continuava frio. Compramos ímãs de geladeira e verificamos os preços das jaquetas. Almoçamos no refeitório do mesmo hostel onde pernoitamos.
Voltamos para a cidade de Uyuni onde nossos 4 companheiros compraram passagens para Sucre. Ali nos despedimos. Miki e eu fomos andar na cidade até dar o horário para encontrarmos o outro grupo. Iniciaríamos a viagem de volta para San Pedro.
O retorno para a cidade de San Pedro no Chile, não é passeio. É um transfer, um transporte de volta. Nosso novo motorista era bem humorado, muito falante e brincalhão.
Dormimos num hostel dentro da Reserva Nacional da Fauna Andina Eduardo Avaroa (REA). Outro vilarejo simplérrimo cuja economia é o comércio de lhama e o turismo! Quartos pequenos e com banheiros mais que comunitários! Mas tinha banho quente a 10 Bolivianos! Como chegamos cedo, consegui pegar um quarto pequeno com 2 camas! O jantar foi sopa e macarrão com molho vermelho com picadinho de lhama!
4.º DIA: RESERVA EDUARDO AVAROA – SAN PEDRO DO ATACAMA
Levantamos às 4h30. Seguimos uma viagem por quase 3h30, sem paradas e sem café! Foi perto da aduana boliviana onde tomamos café. Depois de 3 dias viajando, a gente acorda sonhando com o destino final. No nosso caso, a cidade de San Pedro.
Passamos novamente pela caótica imigração Boliviana, onde mais uma vez preenchemos um formulário e pagamos a taxa de 15 Bolivianos. Tiramos as bagagens do carro e localizamos nossa van de retorno a San Pedro.
O procedimento de entrada no Chile é muito rigoroso! O carro é inspecionado, as malas passam pelo Raio-X, a bagagem é aberta e o passaporte carimbado mais uma vez!
Após conferência e todos legalizados, seguimos para San Pedro do Atacama onde terminou a nossa viagem!
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*Todos os custos da viagem como hospedagem, passeios, e traslados incluindo passagens aéreas e da matéria ” Dia a dia da viagem de San Pedro do Atacama ao Salar de Uyuni num 4X4 ” – foram bancados por mim e pela minha companheira de viagem, Miki Kuwano. Esta é a política do blog, de total transparência.
*Caso venhamos a viajar com algum apoio, isso estará explicitamente citado no post.
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